UFANISMO NO SANEAMENTO
Abro o ND (05/05/2022) e me deparo com uma manchete surpreendente “CASAN INVESTIRÁ R$3 BILHÕES EM SERVIÇO DE ÁGUA E ESGOTO”, no Estado (500 milhões por ano). É um ufanismo exagerado, próprio de quem, encostado na parede, grita que haverá soluções nos próximos 06 anos 2022/2027. Na RM, estão previstos 250 milhões para a ETE de Potecas e 340 milhões para sistemas de esgoto de Floripa.
Confrontada com a realidade, a CASAN aplicou nos últimos 06 anos, 1,6 bilhões em todo o Estado, resultando numa média de R$266 milhões, recursos que sequer atendem ao PMSB de Floripa.
O Modelo CASAN é “bananeira que já deu cacho”, tem mais de 50 anos, foi oportuno durante algum tempo, agora se exauriu. Lages e Joinville, berço de dois governadores, Colombo e Luiz Henrique, romperam com a CASAN enxergando que a política de Robin Hood (subsídios cruzados) doutrina segundo a qual, os municípios maiores tinham que ajudar os menores, não funcionava.
Para o leitor ter uma ideia, o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) previa recursos atualizados de 3,5 bilhões para Florianópolis, para 30 anos. Todavia entre 2014/2020 a CASAN deveria aplicar 297 milhões por ano, depois entre 2021/2025, 221 milhões e 2025/2030, 91 milhões. Suspeita-se que menos de 10% tenham sido aplicados.
Hoje, a Região Metropolitana, sustenta a CASAN, 44% de suas receitas tem origem em duas cidades – Floripa e São José – e recebe em troca, migalhas. A Estatal tem financiamentos de 1,88 bilhão, aplicados em outras regiões do Estado, mas quem vai pagar esta conta é a RM. Exportamos tarifas e ainda, como “castigo” temos que pagar financiamentos de outras cidades.
As receitas da empresa são as que se seguem:
Região | Água 2021 | Esgoto/2021 | TOTAL | % |
Metropolitana (Floripa&Outras) | 409.952 | 174.967 | 584.919 | 43,57 |
Sul Serra | 201.474 | 35.643 | 237.117 | 17,67 |
Oeste | 236.765 | 34.343 | 271.108 | 20,19 |
Norte Vale | 236.352 | 12.842 | 249.194 | 18,57 |
Total | 1.084.543 | 257.795 | 1.342.338 | 100,00 |
O diagnóstico esta dado, de se perguntar, então, qual a solução?
Não restam dúvidas, caso houvesse altruísmo social e político do Governo do Estado, a solução passaria pela segmentação da CASAN em 04 novas empresas, licitadas, uma para cada Região do Estado conforme o quadro de faturamento da Empresa. O Governo levantaria enormes quantias em recursos. Estima-se que só na Região Metropolitana, a licitação envolveria quantias próximas de 5 bilhões, parte para amortizar os ativos existentes e parte para aplicações imediatas em investimentos. Este seria o verdadeiro cumprimento do novo marco regulatório estabelecido pela lei federal nº 14.026, de 15 de julho de 2020.
ADM. Dilvo Vicente Tirloni – Presidente