CORONAVIRUS E A (FALSA) COMPAIXÃO
O Corona mostrou que o vírus é democrático, universal, ataca o rico, o pobre, o homem, a mulher, a criança e o adolescente. Sua capacidade destrutiva fez mais, obrigou a todos ficar em casa e, sobretudo, afetou de cabo a rabo a economia. Trilhões de reais serão perdidos e outros tantos serão injetados na economia tentando salva o sistema produtivo.
Há pastores, padres e impostores, dizendo que a crise está servindo para reflexões sobre o comportamento do ser humano, demonstrando o condenável “ interesse material” que teria tomado conta da humanidade em prejuízo dos “valores humanos, acolhedores e religiosos”. Agora o vírus restabelece os valores judaico-cristãos, do amor ao próximo, da caridade, compreensão entre as pessoas, revelando que ganância material e suas consequências pouco valor têm diante do poder de uma crise tão inesperada.
Diante deste mundo arrasado com milhares de mortos impõem-se a necessidade de se construir um mundo solidário de mais atenção aos pobres, aos desvalidos, às famílias destroçadas – mas vem a pergunta, como?
A constatação é que o mundo seguirá o seu curso, os governos cada qual a seu modo, dirão que suas economias estão melhorando, que o comércio está retornando, que a indústria afetada está se reerguendo. No Brasil não será diferente.
A crise do corona vírus nos remete a uma constatação crucial para soerguer o País – a dos investimentos. São eles que geram renda, impostos e mais empregos. Nada será mais solidário do que empregar um pai ou mãe de família, o filho adulto.
Aos governos nos três níveis cabe a árdua tarefa de rever os seus gastos, acabar com os marajás, com os gastos inúteis e isenções tributárias. Estima-se que 20 a 25% dos orçamentos públicos são despesas desnecessárias, são gastos supérfluos, não produzem riqueza ou melhor, consolidam a miséria. Quem produz riqueza são os investimentos em infraestrutura, novas estradas, pontes, túneis, energia, comunicações, habitações, novas escolas, hospitais.
A compaixão nos comove, nos faz pensar na caridade, ajuda nos momentos difíceis, mas a única forma permanente de resolver o problema das famílias pobres será realizando investimentos para proporcionar à população empregos. Com estes o povo compra a casa que precisa, a comida do dia a dia e até o divertimento. O prato de comida, a doação de recursos (R$600,00) dados salvam vidas no momento, o emprego é para sempre.
A compreensão destas decisões levará o País a um novo patamar, talvez, sensibilizem nossos governantes a focar as gerações futuras e o vírus terá servido para revelar as iniquidades históricas como ausência de saneamento básico, habitações e péssimos serviços públicos.
É uma esperança.
ADM. DILVO VICENTE TIRLONI
PRESIDENTE DO MDV