GESTÃO PÚBLICA X GESTÃO PRIVADA

Dia desse fui instado por um grande liberal brasileiro, do Partido Novo, a ler mais sobre “Justiça Social com responsabilidade Fiscal”, recomendando os autores John Stuart Mill (1806/1873) e Milton Friedman (1912/2006), dois professores do Liberalismo Moderno, o primeiro, britânico, o segundo americano, pois o tinha contrariado sobre decisão de apoiar a PEC dos Precatórios.

Os acadêmicos, quando contestados, sempre argumentam citando outros autores, numa tentativa de “intimidar” o interlocutor, jogando com a tese, que naquele exato momento, não lembre, esqueceu, ou não leu o autor. Assim é muito provável que o Acadêmico passe um “calça pé intelectual” e se saia virtuoso do debate.

A maioria dos intelectuais não conhecem as práticas econômicas, de gestão, de decisões sobre os rumos das empresas. Suas experiências são de laboratório, carecem de aplicação prática nunca enfrentaram a dura realidade da competição do mercado. São, digamos, dogmáticos de uma realidade virtual, não da prática real.

Lembro que Roberto Campos dizia que ao conhecer Friedrich August von Hayek, havia perdido tempo lendo os demais autores, inclusive o seu professor Von Mises. E o que dizia Hayek (Prêmio Nobel de 1974), fundamentalmente – que uma economia não funciona sem a Teoria dos Preços. Que a economia planejada não oferece condições de se saber a “meritocracia” da oferta e da procura. Para que saber mais do que isso? Se a lição foi bem entendida, você espanta o socialismo e fica com as liberdades econômicas do mercado.

Mais tarde os economistas americanos, entre eles Friedman, Samuelsen, Stigler, entre outros, desvendaram a economia, tornaram-na quase cartesiana, tamanha a profundidade com que estudaram quase todos os aspectos envolvendo as relações de troca, o mercado.

Nós, alunos, não precisamos “decorar” o que estas mentes prodigiosas ofereceram para entender a economia. Basta que nos lembremos de que, não é o Governo que cria estas fantásticas ofertas de bens e serviços privados, mas as Empresas e seus milhões de colaboradores, sob regras claras de gestão, com ordem e disciplina administrativa, linhas de comando da autoridade, cada qual com suas responsabilidades.

Tomemos como exemplo uma grande empresa brasileira, a Vale do Rio Doce, 80 mil colaboradores. Já foi empresa do Governo, dava prejuízo, hoje fatura USD 40 bilhões por ano, gera muita renda, emprego e impostos. Qual a grande diferença do seu “período público”? É que agora, as regras são cumpridas por cada colaborador, todos se empenham em dar o melhor de si, as metas são conhecidas e perseguidas. Os “CEOs” são cobrados, os resultados são lucros e dividendos aos seus acionistas e bons serviços e produtos à sociedade, sobretudo, impostos. O Brasil e o mundo agradecem.

Vamos agora para o lado público da gestão. Não precisamos de Stuart Mill, nem do Friedman, nem do nosso maior liberal Roberto Campos, para entender que a gestão pública brasileira vai muito mal. Qualquer aluno de Administração sabe destas iniquidades, principalmente, quando tratamos de “justiça social” ou equilíbrio fiscal.

Foquemos só o Governo Federal, mas os 27 Estados da Federação e os 5.570 municípios não escapam à regra. Os estamentos federais – Executivo, Legislativo e Judiciário, vivem um mundo à parte, organogramas inchados, estrutura de cargos e salários de sultanatos árabes, penca de benefícios adicionais e imóveis de envergonhar os arranha-céus de Camboriu.

Capturaram os orçamentos públicos, com evidentes prejuízos aos interesses da população pobre do País. Nestes ambientes o luxo, a gula, a avareza, a soberba e até a preguiça, predominam. O povo, ora o povo, que se exploda!!! E todos se dizem “liberais”. Não foi para isso que os iluministas criaram as bases das liberdades democráticas. Ser liberal de raiz é ser austero, condenar os desperdícios públicos, manter o “equilíbrio fiscal e social”, não permitir que os conflitos sociais tomem conta das ruas.

Mas convém relatar que há outras pragas que grassam nestes ambientes carcomidos de Brasília. Nunca é demais denunciar que algumas ações predadoras vêm de longa data, como por exemplo, as isenções fiscais. Este tipo de favorecimento é “sangue na veia” do desperdício público. É o lado privado, o lado do compadrio, da amizade do “súdito com o rei” que surrupia bilhões do povo para enriquecer contas em paraísos fiscais.

Estima-se que em 2021 serão pelo menos 400 bilhões só no Governo Federal. Em SC serão mais 6 bilhões, dentre eles, bilhões da BMW que vão irrigar os canecos de shop dos polpudos acionistas da Baviera. Está na hora dos alemães pedirem desculpas e devolverem o leite de nossas crianças, o alimento de nossas creches, o nosso transporte escolar. Eles não precisam destas migalhas, mas para nós faz imensa diferença.

Vale lembrar aqui, uma forma inovadora de capturar recursos da viúva – a bolsa ditadura, uma ação entre amigos socialistas que se disseram perseguidos pelos militares de 1964. São pelo menos mais de R$10 bilhões, pagos a quase 40 mil pessoas, que se destinam a um grupo especial, todos endinheirados, mas que não se envergonharam de aceitar o odioso donativo. Há outras iniquidades como uma Bolsa Bandido (auxílio-reclusão) espécie de prêmio à família do marginal, para que não sofra as agruras da fome enquanto o bandido estiver em cana. Um estímulo à bandidagem.
Não há outra forma de combater estas afrontas senão com o conhecimento do problema, com a doutrinação, com pedagogia política. De pouco vai adiantar citar os grandes autores de Economia, o que o Brasil precisa é de bons administradores, de bons políticos, de profissionais que saibam o que é gestão, como aliás se faz na Vale do Rio Doce.

Finalmente, cabe destacar a urgente necessidade de uma Reforma Administrativa para mitigar pelo menos em parte o gigantismo do Estado, o corporativismo patrimonialista e o assistencialismo populista. Pelo relato, o Brasil o Brasil tem temas mais importantes a debater do que um simples parcelamento dos precatórios.

Como dizia D. Pedro II ao seu Conselho de Ministros – toda a despesa inútil é roubo da nação.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI – PRESIDENTE

NOTA: RECOMENDARIA AOS PARTIDOS POLÍTICOS QUE ELENCASSEM POR SEGMENTO, AS DESPESAS INÚTEIS DA UNIÃO DOS ESTADOS E DOS MUNICIPIOS, A COMEÇAR PELAS CENTENAS DE EMPRESA DE DIREITO PRIVADO E QUE SÃO GERENCIADAS PELO ESTADO. O DINHEIRO IRIA APARECER.

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