A IRRACIONALIDADE NA ALOCAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA JUSTIÇA EM SANTA CATARINA

O Poder Judiciário brasileiro é reconhecido por sua complexa organização e, em Santa Catarina, não é diferente. O estado conta com 112 comarcas para atender 295 municípios, todas mantidas com orçamento público. A base desse sistema é a Receita Líquida Disponível (RLD), que exclui receitas previdenciárias, repasses aos municípios e contribuições ao Fundeb. Com base nessa RLD, são calculados os chamados “duodécimos aos Poderes”.

A distribuição atual em Santa Catarina é a seguinte: 4,34% para a Assembleia Legislativa (ALESC), 1,66% para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), 9,41% para o Tribunal de Justiça (TJSC), 3,98% para o Ministério Público (MPSC) e 2,49% para a UDESC. O principal problema dessas classificações é que, à medida que a arrecadação do estado cresce, automaticamente, cresce também a parcela destinada a esses poderes, contrariando o princípio da racionalidade administrativa.

No caso do Tribunal de Justiça, além dos duodécimos, o órgão arrecada receitas próprias com a prestação de serviços judiciais, acumuladas no Fundo de Reaparelhamento da Justiça. Em 2025, esse fundo deverá atingir a marca de R$ 733.097.892,00, somando-se aos R$ 4.046.437.507,00 já previstos para o TJSC.

Entretanto, não há Justiça sem Ministério Público. Assim, é preciso considerar também o orçamento do MPSC, estimado em R$ 1.505.316.450,00. Ao somar a Defensoria Pública, cujo custo é de R$ 168.955.054,00, chega-se a um total de aproximadamente R$ 5,7 bilhões para todo o sistema de Justiça em Santa Catarina, equivalente a 10,86% do orçamento estadual.

A pergunta que surge é: trata-se de um custo razoável?

A resposta é não. Nos países desenvolvidos, utiliza-se o parâmetro da relação com o PIB para avaliar esses gastos, que costumam ficar entre 0,3% e 0,5%. No Brasil, especialmente em Santa Catarina, esse índice é de três a quatro vezes maior. Estima-se que o PIB catarinense esteja em torno de R$ 450 bilhões. Considerando-se o custo de R$ 5,7 bilhões, chegamos a 1,26% do PIB estadual, extrapolando significativamente a média internacional.

Em conclusão, racionalizar esses gastos deveria ser uma prioridade dos partidos de orientação político-liberal em Santa Catarina. A maneira como o orçamento é distribuído hoje não só onera demais o contribuinte, mas também prejudica as camadas mais pobres da população, que arcam com um custo desproporcional para manter um sistema de Justiça visivelmente inflado.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI
PRESIDENTE

UNIDADES ORÇAMENTÁRIASVALORES%
Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina1.173.691.549 
Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina554.973.388   
Total ALESC1.728.664.9373,28
Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina3.313.339.615 
Fundo de Reaparelhamento da Justiça733.097.892 
SUBTOTAL 14.046.437.5077,68
Ministério Público de Santa Catarina1.377.035.154 
Fundo para Reconstituição de Bens Lesados21.481.500 
Fundo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do MPSC522.000 
Fundo Especial de Modernização e Reaparelhamento do MP106.277.796 
SUBTOTAL 21.505.316.4502,85
Defensoria Pública do Estado de Santa Catarina166.505.000 
Fundo de Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado de SC2.450.054 
SUBTOTAL 3168.955.0540,32
TOTAL JUSTIÇA DE SC (SUB TOTAL 1+2+3)5.720.709.01110,86
TOTAL ALESC + JUSTIÇA7.449.373.94814,14
TOTAL DO ORÇAMENTO 202552.665.585.583 

Fonte: LOA ALESC

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