Cabelos Grisalhos

A primeira constatação quando falamos de aposentados é que os indivíduos masculinos ou femininos, não envelhecem de maneira igual, cada qual tem suas histórias, seus sonhos, suas demandas. As origens determinam suas necessidades. Conforme a classe que pertencem serão focados dentro destes espaços, ou seja, para a classe média há demandas inexistentes na classe mais baixa da população.

Será impensável, pelo menos nos dias atuais, disponibilizar de forma universal todas as necessidades do idoso para a camada mais baixa da população e classe média. É meritório o interesse, mas não há recursos para tanto. De sorte que mesmo na velhice o distanciamento social/médico, é mantido. Melhor para os idosos da Classe B que tem aposentadorias mais encorpadas e a família, via de regra, ajuda no que for preciso.

Há mais problemas para os idosos de hoje. No passado o trabalhador se aposentava, ia para casa descansar (ou fazer pequenos reparos, jogar um dominó) e o filho ocupava o seu lugar. Não é mais assim. A modernidade trouxe A TECNOLOGIA, a inovação, quem não contar com boa especialização no segmento, está alijado do mercado de trabalho. Para muitos idosos que sequer sabem o que é um “smartphone” o muro é rijo e alto.

Sucede justamente, que frente ao “tumulto” dos empregos gerados pela tecnologia muitos filhos e netos também não encontram as oportunidades de trabalho. Todos vivem pendurados no “aposentado”, que por sua vez, desesperadamente, busca a sua sobrevivência com um biscate para reforçar o salário do mês.

Não bastassem estes problemas surge um especial, bom, mas preocupante, vive-se muito mais hoje. Há 50 anos atrás uma avó de 50 anos era velha, hoje pousam nas colunas sociais como garotas propaganda. A sociedade brasileira (e de certa forma a mundial) não se preparou para a velhice. Nossos idosos não desfrutam de divertimento, centros de lazer, de ocupação. Para quem é aposentado e não encontra ocupação, é o mesmo que “dançar a beira do abismo”, uma ora pode falhar e a vaca ir para o brejo com corda, sino e tudo o mais.

No Brasil o idoso, não obstante os órgãos públicos oferecerem vários serviços de saúde e lazer, mesmo assim, nas regiões mais interioranas, especialmente, norte e nordeste, a vida é duríssima. Imaginem um ribeirinho da Amazônia necessitando de tratamento ambulatorial relacionado a algo relacionado a sua capacidade motora, como fazer? As distâncias são enormes, os recursos materiais e financeiros escassos, profissionais da saúde só em municípios mais avançados.

No Brasil há uma boa estrutura pública de apoio social a começar pelo MSD – Ministério do Desenvolvimento Social. Com uma Secretaria Especial do Desenvolvimento Social operante, recepciona vários programas cuja capilaridade atinge o município. Esta Secretaria tem como foco assessorar o Ministro da Pasta na formulação e coordenação de políticas, programas e ações voltados à renda de cidadania, assistência social, inclusão social e produtiva nos âmbitos rural e urbano, promoção do desenvolvimento humano e cuidados e prevenção às drogas.

Os programas Criança Feliz e Bolsa Família, o Cadastro Único para Programas Sociais, o Sistema Único de Assistência Social (Suas) e as políticas nacionais de Assistência Social e de Segurança Alimentar e Nutricional compõem parte das atribuições desta secretaria especial. Os idosos está dentro dela.

Vale ressaltar que a estrutura de atendimento social é bem-feita, há recursos, bons programas, mas o Brasil é continental. Por mais que queiramos fazer operar toda a máquina de apoio as dificuldades são enormes.  Mas vale a pena tentar, é o que se vem fazendo.

DILVO VICENTE TIRLONI
PROFESSOR, COORDENADOR DO MDV

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