COMCAP – MILHÕES NO RALO
A COMCAP começou como produtora de lajotas, serviços de pavimentação, depois o recolhimento do lixo, evoluíram para o lixo seletivo, além de outras atividades como capina mecanizada, roçagem de áreas públicas e limpeza de canais e valas.
Opera com um “exército” de quase 1.700 pessoas que consomem 170 milhões por ano, algo como 13 milhões por mês. Esta força de trabalho revela curiosidades salariais incríveis – um Administrador pode receber quase 38 mil mensais, um engenheiro sanitarista, 37 mil, advogado 31 mil, técnico de edificações 26 mil e há garis recebendo 19 mil por mês. É a farra com o dinheiro público.
As atividades fins da COMCAP é a coleta de lixo, e segundo seus dados, recolhe, anualmente, cerca de 220 mil toneladas, média de 18 ton/mês nos meses de baixa temporada e um pouco mais no verão.
O Orçamento de 2020 prevê recursos diretos da autarquia de R$166.330.110,00 e o Fundo Municipal de Saneamento Básico mais R$55.863.610,00 somando 222.193.720,00. A PMF através da TCRS deve recolher no máximo 60 milhões, o resto são recursos orçamentários. Vem a pergunta, é muito ou está dentro do que podemos chamar razoabilidade financeira?
Qualquer que seja o cálculo que se fizer, o desastre financeiro é superlativo – pagamos o lixo mais caro do Brasil. Num simples cálculo aritmético, o custo por tonelada é de R$1.000,00 enquanto os valores oferecidos nas cotações variam de R$ 160,00 a R$ 205,00 por tonelada. A média fica em torno de R$ 175,00, portanto, 5,71 a mais. Começo deste mês com a deflagração da greve a Prefeitura divulgou a contratação de duas prestadoras do serviço e informou que ambas iriam recolher o lixo por R$ 176,89 por tonelada.
Vale ressaltar que a cidade não questiona a qualidade dos serviços, contesta é o custo absurdo envolvido na atividade. Joinville, Jaraguá do Sul, Criciúma, São José, Palhoça, Biguaçú, entre outras, adotam o modelo privado de recolhimento do lixo. Todas pagam valores normais de mercado e não se tem notícia de que os serviços sejam ruins. Em Floripa todas às vezes que se invoca os custos da operadora, imediatamente, surgem os “especialistas” para informar que aqui dada a topografia acidentada da cidade seria impossível manter os mesmos custos de outras cidades. “Usamos até lonas para descer o lixo pelas escadarias dos morros, isto tem um custo” disse um ex-diretor da Empresa.
Sejam quais forem as razões, mesmo que se tenha que pagar algo a mais pela coleta, urge que a PMF faça o debate com a sociedade sobre um novo modelo de coleta dos resíduos. Não é racional subtrair mais de 150 milhões do orçamento municipal e destiná-los a uma atividade rentável e de interesse da iniciativa privada. São recursos que estão faltando nas creches, na saúde na infraestrutura.
ADM. DILVO VICENTE TIRLONI
PRESIDENTE DO MDV