ETES – TOXIDADE E MEIO AMBIENTE

CANASVIEIRAS & DEMAIS 28 UTPs

As ETEs são o último estágio de captação dos dejetos humanos. O destino começa nas residências, passa pelas tubulações ou estações elevatórias, até chegar na ETE. Neste espaço o dejeto é tratado, a parte líquida é despejada na natureza e a parte sólida, é recolhida pela operadora e levada a um local adequado previsto dentro de um projeto de Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

O Plano Municipal de Saneamento indica que o Sistema de Esgotamento Sanitário Insular (SESFI) é composto de 10 ETES: ETE Insular (Beira Mar), Lagoa da Conceição; Barra da Lagoa; Canasvieiras; Saco Grande; Praia Brava; PARQTEC; Vila União; Jurerê Internacional; Base Aérea. Jurerê é operado por iniciativa privada e o Base Aérea por entidade Federal.

No dia 11/05/1989 (33 anos atrás) foi dado o início do Sistema de Esgotos em Canasvieiras, cuja ETE esta localizada em Cachoeira do Bom Jesus, dentro do Sapiens Parque. Recepciona os esgotos de toda a Região norte da Ilha, Jurerê, Canasvieiras, Cachoeira do Bom Jesus, Lagoinha, Praia Brava e Ponta das Canas.

Operava como uma Estação tradicional, em condições precárias, até que no verão de 2016/2017 gerou uma crise “distrital” sem precedentes, pelo encontro das águas poluídas do rio com as areias da praia. Muitos “nativos” e turistas foram parar nas Emergências dos hospitais. Emparedada, a CASAN buscou solução numa ETE MODULAR da Fast-Seinco, empresa fabricante do equipamento.

Enquanto a unidade antiga levava 18 horas para realizar o tratamento, atender uma população de 32.000 habitantes, a nova, com capacidade média de 100 litros de esgoto tratado por segundo, faz o mesmo serviço em aproximadamente 1 hora. Além disso, o projeto chama a atenção pelos equipamentos compactos que ocupam a área de aproximadamente 795 m², o que representa apenas 10% do espaço disponível no local. Segundo o fabricante o equipamento remove 90% dos sólidos suspensos totais (SST), da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e de nitrogênio, além de até 95% do fósforo.

Será que o problema está resolvido?

Em tese, pelos odores, mosquitos, demais insetos, e pelo “exuberante jardim de macrófitas” do Rio do Brás, a população desconfia que não. Não se tem notícia de que a Estatal recolha amostras com frequência para medir a qualidade da água. Pela fragilidade ambiental do ecossistema local, constata-se a evidente ausência de INVESTIMENTOS, especialmente, para eliminar os passivos ambientais existentes, a começar pela poluição de alguns pontos nas Praias de Canasvieiras e Cachoeira, segundo atestam os relatórios de balneabilidade do IMA.

Diante da realidade é preciso que o Sistema seja aprimorado e modernizado obedecendo a padrões técnicos vigentes quer do IMA como do CONAMA. A população local precisa saber para onde está indo o resíduo sólido das Estações (a velha e a nova), qual o grau de contaminação que os líquidos expelidos geram no frágil meio ambiente, e se a estatal faz extravasamentos propositais. Desde sempre a destinação final dos efluentes tratados são depositados no “canal do Rio do Brás” tributário do Rio Papaquara, que por sua vez é afluente do rio Ratones e que deságua na baía norte. Se a origem é poluída, a extensão do dano é em cascata, até o mar.

Cabe lembrar aqui que a CASAN ao assinar o PMSB se obrigou a investir um total de 3,5 bilhões no município, a partir de 2014 até 2033, média anual de 175 milhões por ano. Como passou a omitir os dados em seus relatórios anuais, estima-se que nem 10% deste valor sejam aplicados. É um deboche inaceitável à cidade. As organizações da Sociedade Civil Organizada, como o SOS RIO DO BRÁS, precisam reagir a estas iniquidades.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI – PRESIDENTE

NOTA: Para efeitos de qualidade dos efluentes deveria ser observado a Resolução CONAMA Nº 430 DE 13/05/2011. No seu artigo 1º diz que esta Resolução dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do lançamento de efluentes em corpos de água receptores, alterando parcialmente e complementando a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.

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