TRAGEDIA GAUCHA E FFA
As Forças Armadas no Brasil são imponentes, contam com um orçamento robusto de aproximadamente 126,4 bilhões de reais distribuídos entre o Comando da Aeronáutica (27,4 bilhões), o Comando do Exército (53,7 bilhões) e o Comando da Marinha (32,1 bilhões). Elas consistem em cerca de 360 mil militares que operam uma vasta gama de equipamentos, incluindo aviões cargueiros e de combate, tanques, caminhões, fragatas, corvetas e navios, todos em defesa da soberania nacional. Esta soberania é definida como proteção ao território e contra ameaças internas ou externas , sejam elas potenciais ou evidentes.
A doutrina militar sugere que em tais situações se estabeleça um Gabinete de Guerra, semelhante ao que Israel formou recentemente contra o Hamas e uma vez estabelecido, unifica e racionaliza as decisões, com o Comando ou seu porta-voz sendo os únicos a emitir opiniões. Supostamente, quem detém estas especialidades são as FFA.
A crise no Rio Grande do Sul deveria ter sido tratada como um cenário de guerra. Se houvesse lideranças perspicazes no Ministério da Defesa, teriam sido emitidos decretos nessa direção, construído um Gabinete de Crise com Planejamento e ações para as diferentes forças e segmentos civis, deslocado o Governo Federal para as áreas atingidas, sob liderança única mas, com ações descentralizadas. No entanto, isso não ocorreu, e o resultado foi a exposição de uma série de falhas governamentais e militares, revelando a inabilidade para tratar um caso tão grave.
Uma aparente letargia tomou conta dos Comandos Militares. Os manuais militares destacam a missão de cada Força, a visão de futuro e a importância de manter o Brasil unido e confiante. Esta claro que o dever das Forças Armadas é assegurar além da soberania nacional e os poderes constitucionais da lei e da ordem, em tempos de paz, a cooperação com o desenvolvimento nacional e o bem-estar social das populações. Elas deveriam estar sempre preparadas, afinal há bons especialistas, tempo, recursos materiais, e, supostamente, muita organização e mão de obra. Deveria ter partido destas organizações o caminho para superar o Estado de Guerra Gaucho.
Contudo, as imagens divulgadas mostraram uma realidade diferente, Comandos Privados Alternativos e mesmo sem treinamento salvando vidas: um exército terrestre formado por cidadãos comuns, uma força naval formada de botes, jet skis e barcos privados, e uma frota aérea operada por civis. Com exceção do notável trabalho dos Corpos de Bombeiros de vários estados, as Forças Armadas falharam em atender eficazmente a situação. Os 3 ou 4 helicópteros da Força Aérea Brasileira pareciam desconectados da realidade, não foram vistos equipamentos anfíbios do Exército e, surpreendentemente, o maior navio da Marinha levou 10 dias para chegar ao Rio Grande.
Enquanto isso, autoridades realizavam voos sobre Porto Alegre mais para exibição do que para ação efetiva, e líderes governamentais tentavam desviar a atenção das falhas operacionais colocando a PF para combater as “fakenews/verdades” e, de forma ufanista, promessas de bilhões em recursos. Lula se mostrou perplexo com o cavalo no telhado, Janja adotou um cachorro e achou que com isto havia expressado a sua solidariedade às pessoas vitimadas, Marina culpou Bolsonaro pela calamidade, Lira e Pacheco, coadjuvantes deste quadro surrealista, fizeram coro com a incompetência generalizada. Uma dezena de outros ministros, descoordenadamente, surgiram em Porto Alegre, todos buscando o seu minuto de glória. Como são 38 Ministérios, é possível que o cortejo continue.
ADM. DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE