GUERRA DA UCRÂNIA III – DOIS LADOS
O que faz um urso encurralado? Avança sobre a sua vítima num instinto de pura sobrevivência. É o que ocorre hoje com a Rússia. Lembro que as sanções impostas à Alemanha após a 1ª Guerra Mundial (Tratado de Versalhes) foram tão severas que o “feitiço virou contra o feiticeiro” criaram o “fuhrer” Hitler. Agora estão fazendo o mesmo com Putin, esquecem que não estão tratando com um País africano, estão lidando com o maior arsenal atômico do mundo. Pouco adianta mostrar força, agora, deviam ter antecipado os fatos.
Fico impressionado com o número de “especialistas” que apareceram nos jornais, revistas e principalmente, nas bancadas das Redes de TV. Invariavelmente, todos, “tocando a mesma música”, o Presidente Putin é um asqueroso ditador, um invasor de um país democrático, não tem respeito aos direitos humanos, um desatinado político que merece o julgamento das cortes internacionais.
Parece que os nossos especialistas nunca leram um livro de história, não fazem a mínima ideia como pensam os países imperialistas, raciocinam com a nossa história, cuja única guerra, foi com o Paraguai (dezembro de 1864 a março de 1870) e mesmo assim numa tríplice aliança, com Uruguai e Argentina.
Voltando à Guerra da Ucrânia é preciso entender a existência de dois lados – cada qual com suas razões. A Rússia sempre pensou de forma imperialista, desde os tempos da dinastia Romanov, que mandou no “Império” de 1613 até 1917 (300 anos), quando Nicolau II e sua família foram, miseravelmente, assassinados pelos bolcheviques socialistas. (Por medo da hereditariedade, os comunistas, assassinaram todos de sobrenome Romanov)
Lenin e seus companheiros e depois Stalin, não abandonaram a doutrina imperialista do País, ao contrário, com o fim da segunda guerra, criaram a URSS, anexaram 14 países e transformaram em satélites, outros 8 países (veja Guerra da Ucrânia I, neste blog)
Os países ocidentais, sabedores dos interesses expansionistas da URSS criaram a OTAN e nela permanecessem até nossos dias. A URSS em 1955, desconfiada de que algum “membro da sua família” pudesse traí-la, igualmente, criou o Pacto de Varsóvia. O Pacto se desfez em 1991 com o fim da URSS, a Rússia teve que lidar com suas próprias forças. O Ocidente, ao contrário, não só manteve a OTAN como passou a recepcionar todos os países que haviam se libertado do jugo socialista. Hoje fazem parte da Otan 28 países e vale registrar que a Finlândia e a Ucrânia como vizinhos, são os únicos a não aderir ao Tratado.
Tudo o que a Rússia pedia era que a UCRÂNIA como o maior vizinho de fronteiras não aderisse à OTAN posto que os “imperialistas” ocidentais, estavam dispostos a anexar a Rússia ao mundo ocidental, algo repelido, desde sempre, pelos políticos e generais soviéticos. Mas o ocidente, mudo, surdo e cego, não entendeu os sinais emitidos por Moscou, incentivou, ao invés de dissuadir, a Ucrânia a entrar no bloco da OTAN e assim, jogaram a Rússia no colo da China. Agora o mundo ocidental terá que conviver com dois gigantes unidos, isto não faz bem para o equilíbrio mundial.
Lembro aqui uma passagem interessante da história. Em 1807, Napoleão mandou invadir Portugal. O serviço secreto da Inglaterra avisou D. João VI, que o General Junot e suas tropas chegariam em Lisboa por volta da segunda quinzena de novembro. D. João sabia do potencial francês, de nada adiantaria enfrentar as tropas francesas. Decidiu então “fugir” para o Brasil. Reuniu 14 caravelas, 15 mil pessoas ligadas à corte, no dia 29 de novembro de 1807 partiu para o Brasil, chegando na Bahia em 22/01/1808. D. João não foi covarde, apenas, recepcionou a realidade. Evitou um banho de sangue.
Zelenski não teve a mesma sabedoria e humildade de D. João VI, preferiu enfrentar o “urso russo” com milhares de pessoas mortas. É o que acontece quando por inexperiência política quer se bancar o valentão. Como se sabe a maioria dos valentões acabam em hospitais e cemitérios.
Zelensky, esta construindo a sua própria cova.
ADM. DILVO VICENTE TIRLONI – PRESIDENTE
FORMADO EM HISTÓRIA