“FALTA UMA BASE CONSERVADORA”
Esta frase apareceu nos comentários do Economista Rodrigo Constantino um dos grandes articulistas do Brasil, agora inserido no ND jornal da Rede Record.
Guardo convicção que a maioria dos jornalistas brasileiros encontram dificuldades em captar os movimentos políticos no Brasil (e até no mundo). Fazem muita confusão, seguramente, porque não conhecem as origens das expressões utilizadas pelos filósofos e simplificadas pelos comunicadores e os próprios políticos. É mais fácil falar em “esquerda, centro e direita” que não expressam absolutamente, nada.
Antes da Revolução Francesa não se conhecia nada que não fossem as dinastias reais, as famílias reais, o regime era absoluto na mão dos palácios, chamava-se a isto de “absolutismo monárquico”, o poder era enfeixado na mão do monarca, até havia alguma representação popular a partir de algumas regiões (girondinos) mas, prevalecia a famosa frase de Luiz XIV, o Rei Sol – “O estado sou Eu”. O Reino ainda que ocupado por populares era prudentemente, dividido entre os duques, condes e barões, que prestavam irrestrita obediência ao rei. O rei dispunha não só da produção agrícola e das oficinas de serviços, como da própria vida. As prisões viviam abarrotadas de presos políticos, críticos do Reino.
Foi neste ambiente que surge a doutrina liberal que John Locke, de forma magistral, a chamou de Liberalismo, do latim “liber” que significa liberdade. Dentre as várias contribuições dos iluministas europeus, surge a REPÚBLICA, o regime que viria substituir a monarquia absolutista. O pai do modelo, Montesquieu, concebeu três poderes harmônicos e independentes entre si. Funciona até hoje.
Em meados da segunda metade do século XIX por volta de 1867 Marx publica a sua primeira edição “O Capital” doutrina que viria a ser conhecida por Socialismo cujas diretrizes se antepunham ao “florescente capitalismo” que por ser um processo de produção inovador ainda não continha as regras legais entre empregado e empregador. Num mundo sem regras valia a lei do mais forte. Marx se aproveitou desta falha e demonstrou que este não poderia ser o futuro da humanidade, seria um mundo de oprimidos, explorados pelo mais forte. A teoria atraiu imediatamente a atenção dos “SINDICATOS e da ACADEMIA EUROPÉIA”. Era preciso destruir o “capitalismo” visto não como uma relação de trocas, oferta X procura, e, sim, como um Regime de Governo. Marx atacava justamente, o que fora uma conquista da revolução francesa – o direito de propriedade e o livre mercado. Estava armada a confusão que prevalece até nossos dias.
E onde entram os Conservadores? Vale ressaltar que muitos filósofos não gostaram da irrupção súbita da derrocada do regime francês, enxergaram virtudes, mas entenderam que tudo poderia ser mudado “aos poucos” sem conflitos, sem guerra civil, com leis. Entendiam que um País se faz pela força da tradição política, religiosa, respeito aos costumes, aos valores da sociedade. Nascia assim o Conservadorismo que floresceu de forma magnifica no Reino Unido – lá absorveram toda a doutrina liberal sem perder a tradição monárquica. O Partido Conservador Inglês é de 1834.
No Brasil não nos falta “base conservadora” falta-nos, sobretudo, conhecer a doutrina liberal. Temos 33 partidos, 21 se dizem liberais. Uma sabatina com qualquer um deles revela a sua ignorância política sobre valores que cercam a doutrina. Muitos liberais acreditam que o “capitalismo” não é bom para o País, adoram uma Estatal para chamar de sua, pregam a existência de autarquias em profusão, inchaço do Estado, desrespeito ao contribuinte. Alguns se empenham em buscar desonerações fiscais que só atrapalham as relações de troca. Roberto Campos dizia que os “Conservadores” atrapalham o País, fizeram dos Tesouros Públicos o seu ninho de preferência. Conservador no Brasil está mais associado à defesa de interesses de grupos do que atender aos interesses da população. Nada foi mais conservador no Brasil do que os Governos Lula/Dilma, 2003/2016.
ADM. DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE DO MDV