A FERA QUE RUGE – A IRA SANTA DE BOLSONARO

A postura política de Bolsonaro não se encaixa dentro dos padrões da afabilidade, cortesia, diálogo ou delicadeza, exigida de um político ou ministro do Supremo. Longe disso. Fruto de sua formação “acadêmica militar” opera dentro de um modelo que desatende “à elite dominante” àqueles que sempre foram os mandantes no País, ainda que a um preço caro às classes desassistidas do País.

Foi e é assim desde a monarquia. O golpe de 15/11/1889 usou como um dos argumentos o “custo oneroso da corte” e os desejos dos Partidos Republicanos (PRMinas, PRSão Paulo, PRRio PRRS)

Substituída a realeza imperial pela República, os “usos e costumes” reais acompanharam o novo governo republicano, não se teve cuidado com a “coisa pública”. 25 anos depois do Regime Republicano, Rui, indignado proferiu um discurso forte no Senado Federal.

Vejam trechos e comparem com o atual

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto…”. (1914)

Essa foi a obra da República nos últimos anos”.

Mais tarde em 1920 no famoso discurso Oração aos Moços escreveu:

“Na República os tarados são os taludos. Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições. Contentamo-nos, hoje, com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando.

E nessa destruição geral de nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolve um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem…”

Parece premonição. Nada mudou, tudo continua como dantes, no quartel dos Abrantes. Bolsonaro é esse Don Quixote na busca dos criminosos, ficou sozinho no mundo político, sobrou-lhe o povo, que o compreende e é com ele que tem que caminhar.

Foram feitos vários movimentos revolucionários para superar os problemas, nenhum, contudo, como nos dias atuais em que o povo participa, há as redes sociais, pode-se expressar, estabelecer as conexões com as lideranças.

Neste dia 07/09/1921 por exemplo quem estava ao lado de Bolsonaro? Onde estavam os Governadores “do povo”, onde estavam as lideranças do Congresso? Onde estava a 3ª Via, os Dórias, os apoiadores do Presidente? Todos amuados em conexão tramando o seu impeachment.

Essa conversa de que Bolsonaro está conspirando contra a Democracia, contra os valores democráticos é tudo conversa fiada. O povo quer mudanças, não aceita que corruptos condenados pela Justiça estejam livres e soltos, que Lula permaneça em liberdade e dando opiniões sobre o futuro do Brasil, que o STF assuma ações políticas em detrimento de suas nobres funções jurídicas. Tampouco o povo aceita o socialismo, que aliás, não era uma preocupação de Rui, já que ele ainda não existia na prática.

O epicentro da crise é o STF quando se arvorou em puxadinho dos partidos. Como disse Ministro Moraes “Quem não quer ser criticado, quem não quer ser satirizado, fique em casa. Não seja candidato, não se ofereça ao público, não se ofereça para exercer cargos políticos. Essa é uma regra que existe desde que o mundo é mundo. Querer evitar isso por meio de uma ilegítima intervenção estatal na liberdade de expressão é absolutamente inconstitucional”. Neste caso se encaixa o dito popular – faça o que eu digo não o que faço.

Como dizia Rui, nem toda a ira de Bolsonaro é maldade, algumas são oportunas e necessárias constitui o remédio da cura. Quando estamos diante do escândalo, da brutalidade jurídica, do cerceamento das liberdades, não é soberba que explode, mas indignação que ilumina.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI – PRESIDENTE

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