AÇÕES AFIRMATIVAS E QUOTAS RACIAIS
Leio no Estadão (25/12/2021) que acaba de ser fundado o Mover (Movimento pela Equidade Racial), uma ONG voltada a acabar com o “racismo estrutural” reunindo 47 das maiores empresas nacionais.
Segundo seus idealizadores essas empresas desejam gerar 10 mil postos de trabalho de alta liderança para profissionais negros até 2030, pretendem investir entre 250 a 500 mil reais por ano, uma ninharia.
Segundo alguns “antropólogos sociais” o racismo estrutural é descrito como um conjunto de “usos e costumes” que levam à submissão de grupos étnicos pela maioria branca de tal sorte que impede o acesso a melhores posições de outras etnias, notadamente, a etnia negra. Na visão destes “pensadores” o racismo é uma camada hipodérmica do tecido social, invisível, presente nos mais diferentes escalões da estrutura populacional brasileira. É o que alguns chamam de supremacia racial branca.
Para comprovar a teoria os “antropólogos” de plantão, constataram que há poucos negros nos escalões da Justiça, na educação universitária, médicos, engenheiros, advogados e agora, na direção de grandes empresas. Não há do que reclamar, aparentemente, na área dos esportes, da cultura e das religiões.
De uns tempos a esta data, o assunto foi ganhando interesse junto de alguns segmentos políticos e os “sociólogos de salão” pensaram em ações afirmativas, espécie de doutrina que advoga a tese de que, promover, por exemplo, “quotas raciais” nas universidades resolve o problema. Assim desde 2012 o País vem reservando vagas às etnias negra e indígena nas Universidades Públicas com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino superior e diminuir a desigualdade social do país. Posteriormente, foram acrescentados outros “direitos” como a participação em concursos públicos.
Não obstante o altruísmo destas iniciativas será como “chover no molhado”. A população brasileira é formada por um caldo enorme de etnias, convivemos bem com todas elas, não há, pelo que se conhece, oposição à etnia negra ou indígena. O que existe mesmo, são omissões do Governo brasileiro com a população pobre do País. O nosso problema é pobreza social.
Segundo o IBGE temos matriculados 26,7 milhões de alunos no ensino fundamental (1º ao 9º ano), 7,5 milhões no ensino médio e a nossa taxa de analfabetismo está próxima de 6%. Frequentam a universidade pública (federal, estadual e municipal), que é gratuita, 2 milhões de alunos de um universo de 8 milhões, portanto, 6 milhões pagam seus estudos. Estas 2 milhões de vagas são ocupadas, majoritariamente, por alunos da classe abastada, que estacionam, comem, estudam e até dormem de graça. É comum encontrar o filho do “patrão” estudando de graça e o filho da empregada, pagando seus estudos, numa total inversão de valores.
E qual a razão para tantas indignidades? Não é racial, é social. A resposta está na qualidade do ensino. As escolas particulares, do fundamental ao Ensino Médio, são, infinitamente, melhores. Como comparar um Colégio Catarinense (Florianópolis) com uma escola de periferia? Sempre lembrando que Floripa conta com a melhor educação pública do País, imagine as escolas inseridas dentro das grandes favelas ou as “escolas de taipa” do norte e nordeste do País.
Este problema crônico no Brasil, a pobreza, que infelicita a criança brasileira poderia ser resolvido pela qualidade da escola pública, mas isto ainda não foi alcançado. As escolas de nossas periferias são pichadas, há pouca manutenção, ausência de saneamento básico, ausência de professores, material escolar, computadores. Investimos muito na educação (25% das RCL dos Estados e Municípios e 18% da União = 250 bilhões anuais) mas investimos mal. Gastamos mais nas atividades meio e menos na atividade fim.
Diante do problema, qualquer projeto de políticas afirmativas quer no âmbito do governo como iniciativa privada é “nada” para resolver o problema. Guardo convicção que ninguém aspira ser CEO ou Juiz federal, todos querem oportunidades iguais, ter o seu emprego, ser feliz. Imaginar que ser o CEO de uma grande empresa vai resolver os problemas raciais no Brasil é uma completa ausência de conhecimentos antropológicos da formação de nosso povo.
Caso estas empresas queiram contribuir o melhor a fazer seria juntar bilhões (o que para elas é pouco), e investir em boas escolas nas periferias de forma permanente ou, alternativamente, adotar milhares de alunos e inseri-los dentro de bons colégios particulares. A meu juízo, as 47 empresas elencadas ao final do texto, foram induzidas a um grande equívoco, deixam transparecer um indesejável oportunismo social.
ADM. DILVO VICENTE TILONI – PRESIDENTE
Alcoa, Aliansce Sonae, Ambev, Americanas S.A, Arcos Dorados-McDonald’s, Atento, Bain & Company, BRF, Cargill, Coca-Cola Brasil, Colgate-Palmolive, CSN, Danone, Descomplica, DHL Supply Chain, Diageo, Disney, EF, General Mills, Gerdau, GPA, Grupo Carrefour Brasil, Heineken, JBS, Kellogg, Klabin, Kraft Heinz, L’Oréal Brasil, Lojas Renner, Magalu, Manserv, Marfrig, MARS, Michelin, Mondelëz International, Moove, Nestlé, PepsiCo, Petz, RD – Raia Drogasil, Sodexo, Tenda Atacado, UnitedHealth Group Brasil, Vale, Via, XP Inc. e 3M.