BALNEÁRIO CAMBORIU A CINGAPURA DOS TRÓPICOS

Conheci Balneário Camboriú em meu tempo de menino quando pela primeira vez “vi a praia”. Para uma criança tudo era deslumbrante, maravilhoso, tocar o pé naquele “rio grande” era algo atraente e ao mesmo tempo assustador.

O tempo passou e Balneário Camboriú feito de centenas de modestas “casas de praia” erguidas pelos brusquenses e blumenauenses, cedeu lugar a uma cidade moderna, pujante, verticalizada, com bons sistemas de drenagens, esgotamento sanitário e água para todos. A mobilidade urbana na alta temporada fica comprometida, mas ninguém reclama, as vantagens superaram em larga escala os aborrecimentos.

Na última década, fruto do seu desenvolvimento, a cidade construiu os instrumentos legais para a sua verticalização. Como não há espaços físicos, o caminho foi buscar a “atmosfera” e deu certo. Já são dezenas de edifícios com 50, 60, 70, 80 andares e todos vendidos. É renda e emprego para a população e impostos para o município. Como dizia o arquiteto argentino Rubens Pecci, primeiro gestor do PD, e convicto defensor da verticalidade para nossa cidade,  a atmosfera não polui.

Via de regra as cidades cobram até 2% do valor venal do imóvel a título de IPTU o que significa que em 50 anos, há o retorno de 100% do imóvel para a cidade, e o ciclo se renova. Mas há outros impostos envolvidos – o ITBI – Imposto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis e o ITCMD –  Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação. Um imóvel de 80 andares é uma “casa da moeda municipal” tantos sãos os recursos gerados. Todos ganham as creches, a escola básica, a saúde, a infraestrutura.

E Floripa como anda neste quesito?

Por aqui andamos no tempo das trevas. Os “sábios” locais acham que um edifício de 12 andares no Pantano do Sul, ou na Ponta das Canas, ou na Lagoa, ou no Rio Vermelho, seria uma tragédia ambiental. Preferem os atalhos suicídas das ocupações irregulares de nossos morros, dos loteamentos clandestinos, das invasões ciliares de nossos rios, cujos passivos ambientais crescem todos os dias.

Comparando nossa cidade à Ilha de Cingapura (721,5 km2) ficamos deslumbrados com seus arranha-céus de 100 andares, 60% da Ilha protegida, não há uma gota de esgotamento sanitário no meio ambiente, a mobilidade é de excelente qualidade. Cingapura é a cidade mais rica do Planeta, renda média de 81 mil dólares, não há analfabetos. São 5,5 milhões de habitantes e estão aterrando parte da orla para recepcionar o dobro da população. Porque tudo isso é possível numa cidade com as mesmas dimensões de Floripa e aqui tudo anda de lado?

Precisamente porque lá em Cingapura ou em Camboriu, há renda, dinheiro, empregos. Porque os empreendedores estão livres para empreender respeitada a legislação vigente.

Aqui adotamos o modelo “saudosista” “queremos viver do passado”, tudo é proibido quando se trata de construções, todavia, o futuro nos fustiga diariamente. É como um grande rio represado, rejeitamos o progresso, então “as águas” transbordam para os morros, para os banhados, para as áreas públicas.

Pobre Floripa que virou refém de Centros Comunitários aparelhados,  uma Câmara omissa,  recepcionamos leis que hostilazam o progresso e sobretudo, inviabilizam o futuro. Tanto a mobilidade quanto o saneamento básico dependem dos recursos advindos do crescimento econômico e não da paralização dos empreendimentos.

A cidade vai aprender na dor, já que pelos caminhos da racionalidade, rejeita o planejamento do seu futuro. Para valorizar nossa cultura dependemos do desenvolvimento, o contrário, será precisamente, acabar com os valores culturais, enterrá-los na cova rasa da pobreza, do sub desenvolvimento, da miséria. Não há valores sociais ou culturais em áreas degradadas.

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