CALABAR(ES) MODERNO(S)
As histórias de traidores vêm de longa data. A mais importante narrativa universal de traição indica Judas Iscariotes, um dos 12 apóstolos, que delatou Jesus aos romanos por 30 moedas de prata, algo próximo, hoje a US$3.000,00 e depois crucificado. Segundo a tradição católica os dois ladrões eram extremamente perigosos, por isso a sua crucificação. Seus nomes eram Dimas e Simas, o primeiro ficou conhecido como o “bom ladrão” por ter reconhecido que a pena imposta a Jesus não era proporcional ao seu crime. Pediu clemência ao filho de Deus. Simas, ao contrário fez severas críticas e censurou Jesus. O primeiro virou santo, o segundo, foi arder no fogo dos infernos.
Recentemente, por ocasião dos tumultos de 08/01/2023 com depredação do Palácio do Alvorada, uma das esculturas entalhada em madeira, Jesus crucificado, foi retirada do seu local de exposição pelos manifestantes. Lula foi filmado olhando com misericórdia para a imagem dizendo “Eu voltei e você também voltará ao seu local de origem”. Parece irônico ver Lula, uma versão moderna do que foram os contraventores romanos, se dirigir de forma piedosa à escultura de Cristo. Quer se passar pelo “novo” bom ladrão, antes, precisa combinar com o povo brasileiro.
No Brasil, a história cita pelo menos dois grandes traidores – o primeiro é Domingos Fernandes Calabar (1609/1635), soldado português, contrabandista e fazendeiro. Primeiro lutou contra os holandeses, depois, para manter seus negócios, mudou de lado, e foi lutar pela Holanda. Acabou preso e executado pelos portugueses, aos 26 anos de idade.
Outro rumoroso caso de traição conta com Silvério dos Reis que traiu seus amigos no Movimento conhecido como Inconfidência Mineira, (1788-1789) evento que defendia os ideais iluministas do liberalismo e a implantação da República. Tinha Tiradentes como o seu patrono. Em razão da delação Tiradentes foi esquartejado, seus restos mortais pendurados em postes e seus companheiros exilados para regiões distantes da África. Já o traidor se deu bem, a Coroa lhe deu uma pensão vitalícia, uma casa, e o perdão se suas dívidas junto ao Império. Mudou-se para o Maranhão e lá morreu em 1819, 30 anos após a sua traição. Tiradentes é o Patrono da Nação Brasileira Silvério um vil traidor.
Entre 8 e 9 de janeiro, vimos algo impensável há pouco tempo atrás, as FFA, em particular, o Exército Brasileiro, de forma desprezível, sem guardar a dignidade do uniforme que veste, a bandeira que jurou defender, honrar o lema “Braço Forte Mão Amiga”, praticar uma traição infame de “entregar 1.200 patriotas” acampados em frente ao QG do Exército no DF.
Participavam destes acampamentos crianças, mulheres, idosos, deficientes, pastores, indios, e até pessoas com comorbidades. O Exército que lhes deu proteção durante mais de 60 dias, de forma açodada, feito uma “tropa de choque hitlerista” induziu as pessoas a entrarem em mais de 40 onibus, (os sinistros SS deportavam os prisioneiros em “vagões de gado”) muitos acreditando que iriam para suas casas. Foram enganados, atraiçoados, feitos prisioneiros, e, aos moldes nazistas encaminhados para um Ginásio da PF. Estava instalado, o primeiro campo de concentração, no Brasil. Para quem conhece a história, lembrar destas ações heterodoxas, dá calafrios em qualquer um.
As modernas organizações gostam de focar três pilares que professam – Missão, Visão e Valores. Nosso Exército registra que a sua missão “é contribuir para a garantia da soberania nacional, dos poderes constitucionais, da lei e da ordem e ser cooperativo com o bem-estar social”; na Visão, “quer ser presente e moderno” e nos Valores, cita patriotismo, lealdade, probidade e coragem.
De se perguntar ao comandante desta desastrada operação se leu os manuais militares e, sobretudo, se entendeu o que é “patriotismo” “soberania nacional”, ou pensa, como nossos avós, que estes conceitos valem para quando o território é invadido por alguma força externa? Porque usar uma megafone para orientar os acampados a desmontar as barracas, dar prazo, dizer que os ônibus estavam aguardando o embarque para levá-los para casa e ainda desejar um “vão em paz”. É de uma sordidez asquerosa, inimaginável num militar patriota. Como entregar pessoas desarmadas, inocentes, à sanha de um Governo repulsivo? Foi o que foi feito.
A população aflita pergunta o que fazem 360 mil soldados, além de luzir as botas, pintar meio fios e lustrar os equipamentos da Força?
Há uma questão inegociável da soberania nacional – é a traição dos “próprios nacionais” quando constroem quadrilhas para roubar a esperança do povo, roubar o conceito de nação, se apossar dos recursos públicos sob a complacência do Poder Judiciário. As FFA foram construídas, também, para estes momentos. Não tendo a quem apelar o povo “buscou guarida” frente aos quartéis e, foram, miseravelmente, traídos.
As atitudes covardes do Comandante do Quartel General de BSB e os mandantes deste deplorável evento, serão, ainda julgados, ou pelos tribunais no futuro ou pela História.
ADM DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE