COLAPSO DO SANEAMENTO BÁSICO

Desde que Gustav Richard (1906/1910)  implantou as primeiras tubulações de água e esgoto de Floripa, nunca  estivemos tão perto de um colapso do Sistema. A água e o esgoto a partir da década de 1970 passou a ser responsabilidade da CASAN que atende em tese 100% das famílias da RM (Palhoça saiu do sistema). Há queixas de falta d’água em pontos mais elevados, especialmente, em momentos de secas prolongadas. O sistema integrado de abastecimento de água da RM (SIF) é o responsável pelo abastecimento da Região. Compreende:

O Sistema Pilões que já acusa exploração superior à sua capacidade e não mais atende, eficientemente, as demandas da população, há que se fazer investimentos de novas captações seja através de barragens na Região ou então captar água do Rio Biguaçu ou do Rio Tijucas. Qualquer das alternativas exige vultosas somas de recursos que a Estatal não tem.

Há, igualmente, enormes desconfianças da população quanto ao SIF- Costa Leste, abastecido pela Lagoa do Peri e SIF – Costa Norte, abastecido pelo aquífero de Ingleses. O primeiro pela constante retirada de água em quantidade superior à oferta do manancial, pode sofrer os danos de uma salinização.

Já o aquífero de Ingleses que se estende da Praia dos Ingleses até Rio Vermelho, com profundidade média de 60 metros, estimam-se quase 300 bilhões de litros de água, é o responsável por abastecer 100% dos moradores Norte da Ilha e ainda enviar água para outros bairros. Operam por lá dezenas de poços (23 da CASAN) além de ponteiras clandestinas.  Não obstante o monitoramento constante, há o risco real de baixar o nível do reservatório e causar salinização das águas. Os poços clandestinos não são fiscalizados pelo poder público.

Há também alguns sistemas independentes como Jurerê, Pântano do Sul, Resort Costão do Santinho.

Do lado do esgotamento sanitário, dispomos de 11 ETEs, cuja eficiência está aquém do esperado. Há notícias frequentes de extravasamento de esgotos para o mar ou para rios da Região. Nossos rios, praias, mangues, lagoas estão todos poluídos. Os órgãos de controle da PMF operam de forma frouxa diante da incompetência da CASAN. Até recentemente operava-se um “acordo de cavalheiros” onde políticos da mesma agremiação dirigiam a CASAN e a PMF. É comum atribuir a culpa dos passivos ambientais à população “que não se liga na rede”. É uma forma talentosa de afastar responsabilidades. Mesmo no Conselho Municipal de Saneamento que em tese deveria representar a população foi capturado pelo poder público através de uma engenhosa nomeação dos seus membros de tal sorte a manter o controle

Agora a CASAN surge com um mirabolante Projeto de Emissário Submarino, investimentos de 200 milhões recursos que a Estatal não tem. A pandemia serviu para arrefecer os ânimos das diferentes entidades preocupadas com o futuro da Cidade. Urge que nossas autoridades passem a examinar concretamente um novo modelo institucional para o segmento, sob pena de em breve a cidade amanhece sem água e sem esgoto.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI

PRESIDENTE DO MDV

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