CONVERSAS LIBERAIS – A DURA TRAVESSIA
Eram 03 rapazes que adoravam política. Sentados numa mesa de bar, debatiam o momento atual, sem convicções doutrinárias, ora ironizando o Bolsonaro, ora condenando o Lula, debochando do Ciro Gomes, achando que o Dória não passava de um oportunista e que a Simone Tebet não se revestia das qualidades presidenciais, era a Dilma morena, argumentou um deles.
Nesse instante chega o professor de um deles, entra na conversa, mais ouvia do que falava, até que após alguns goles de um bom vinho português, assumiu a condução dos trabalhos.
Fez a pergunta que todos devem fazer – debater a pessoa física ou o partido ao qual ela pertence? Mais ainda, qual a ideologia do partido que estes personagens assumem? O debate esquentou, um disse que o Bolsonaro não era “liberal”, outro que o Lula era comunista, que a Simone era conservadora, a conversa “embolou o meio de campo” e o fato concreto era que ninguém sabia ao certo o que era uma ideologia.
Calmamente, o professor pediu que o ouvissem, que tudo ficaria mais claro se as ideias fossem clarificadas. Informou aos parceiros de mesa que há tão somente, duas grandes ideologias que movimentam o mundo, há pelo menos 233 anos, desde 1789, quando os revolucionários franceses resolveram “peitar” a ditadura real de Luiz XVI. Desde então o mundo nunca mais foi o mesmo. O liberalismo, acrescentou, é uma doutrina, a origem da palavra já diz tudo “do latim liber” que significa liberdade. Mas para ser doutrina precisa de regras, de princípios, de valores. O professor registrou então que o lema da Revolução Francesa era “Igualdade, Fraternidade, Liberdade” fundados nos 05 pilares que moveram e movem o mundo – a defesa da vida, dos direitos individuais e coletivos, da propriedade privada, da livre iniciativa, da democracia.
Em contrapartida, notadamente, a partir de 1848, pouco mais de 50 anos depois, nascia outra doutrina que desejava se antepor ao Liberalismo, o Socialismo, uma criação engenhosa de Marx que se mostrou desastrosa onde procuraram implantá-la. Caso vocês observarem com atenção disse, verão que enquanto o liberalismo cabe nos dedos da mão direita, o socialismo cabe na mão esquerda, mas, justamente ao contrário do que prega a doutrina liberal. O socialismo é ditatorial leva ao Partido Único, não tem apreço pela vida, já morreram e continuam morrendo, mais de 100 milhões de pessoas, não tem afeição aos direitos individuais, recentemente, o dissidente chinês Liu Xiaobo, premio Nobel da Paz de 2010, morreu, miseravelmente, numa cadeia chinesa, inexiste propriedade privada e quando ela é consentida, sempre há risco de perde-la, a iniciativa privada desaparece, o Estado assume as rédeas da economia e o comando será do “premier” comunista no poder, sem que o povo, o eleja. Portanto, disse o professor, mais do que falar em “pessoa física” devemos falar de partidos comprometidos com uma ou outra ideologia.
Um dos presentes arrematou que no Brasil é “tudo farinha do mesmo saco” os partidos são iguais. Sorvendo mais um gole de vinho o velho professor refutou a tese acrescentando que há 33 partidos registrados no TSE, 12 pelo menos são socialistas, alguns camuflados, outros, ostensivamente, marxistas, cujos estatutos pregam “lutar pela implantação da Democracia e do Socialismo no país”. Partidos socialistas falarem de democracia, disse, é uma ofensa, um ultraje, um insulto, aos valores democráticos.
O debate esquentou, quando um dos presentes usando a “régua” do professor reagiu dizendo que Bolsonaro não era liberal nem Lula socialista. Mais uma vez, calmamente, o professor discursou – Lula além de ladrão pertence a um partido cujos estatutos defende precisamente um projeto de poder com Partido Único subordinando toda a sociedade aos seus interesses “populares”. Bolsonaro, é patriota, não roubou e não deixou roubar, pertence a um partido, supostamente, liberal, embora, parte de seus membros não tenham convicções liberais. Disse, então, que no Brasil poderíamos descrever uma terceira via, a Doutrina da Espoliação Samaritana, uma exclusividade brasileira, cujas regras, se baseiam na apropriação legal dos recursos públicos. Neste caso, liberais de fancaria e socialistas de plantão se assemelham para praticarem os mais desbaratados processos de roubo ao tesouro sempre com o bom argumento de que estão ajudando os pobres.
A espoliação pode se dar de várias maneiras – pela permanência de estatais que empregam milhares de acólitos, pelas estruturas salariais que beneficiam segmentos do poder, educação superior gratuita, tarifas de proteção alfandegarias, isenções fiscais permanentes, entre outras. O professor realçou que estas ignomínias administrativas são as causas da pobreza brasileira. Lembrou, então, que o Governo Bolsonaro é o que está mais próximo de pôr um fim nestas mazelas orçamentárias, de enxugar as velhas estruturas orgânicas do País e fazer uma reforma administrativa, uma reforma tributária, uma reforma universitária. Por ora as forças “socialistas e os liberais de fancaria” o impediram, mas, se for reeleito há grandes chances de mudar o Brasil, afastar a doutrina da espoliação.
Neste exato momento o Figueirense havia marcado um gol, dois pelo menos pularam da mesa, e a conversa descambou para outro debate, igualmente, quente, quem era o melhor time de SC.
ADM. DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE
NOTA: A revolução francesa, foi um movimento que pretendia e conseguiu, derrubar a monarquia absolutista na época comandada por Luiz XVI e sua cara metade, Maria Antonieta. Morreram em torno de 200.000 pessoas, 18 mil guilhotinadas, entre elas, o próprio rei e sua esposa. Levaram quase 80 anos entre marchas e contramarchas, até chegar à República, nos moldes atuais.