DA INGENUIDADE ÀS FRONTEIRAS DAS IRRESPONSABILIDADES

Quando o governador Moisés indicou a atual Diretoria, entre ela a Presidente Engenheira Sanitarista e Ambiental graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2003 e graduada Engenheira Civil pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) em 2010, Roberta Maas dos Anjos o fez pensando num passado recente em que a Cia. foi esbulhada por ações políticas. Supôs então que ao indicar funcionários de carreira o problema seria resolvido, a Cia. voltaria aos áureos dias da década de 1970. Não foi o que se esperava, passados 11 meses da posse, a Cia se defronta com graves problemas de mau uso dos recursos.

A CASAN deve ser vista como uma organização complexa e inoperante, beirando as fronteiras da insensatez. Uma lupa à distância identifica 03 núcleos distintos de ações, o administrativo, o financeiro, o operacional.

As operações administrativas guardam relação com o RH, material de expediente, comunicações entre outras. Neste quesito estamos diante de desmandos (ainda que legais) cujas dimensões beiram o crime de Concussão. As publicações pelos jornais de que a Presidente da Empresa vem aumentando seus salários mês a mês chegando em novembro a mais de 70 mil, é um escárnio aos que pagam a tarifa mais cara do Brasil. É provável que o analista encontre outras subtrações ilegais para outros funcionários.

No que compete às finanças seu estado é dramático. Seu passivo circulante 2018 total (cp) é de 2.080.814 bilhão enquanto os ativos circulantes (cp) não passam de 724.642 milhões, mesmo assim, alguns registros merecem reparos, são de difícil cobrança. Seus lucros são pífios. Em 2017 deu prejuízo de R$28,4 milhões e em 2018 foram 119.225 milhões, que somados perfazem 147, 625 milhões.  As despesas financeiras (juros) já montam a 100 milhões por ano, frente a uma dívida total de R$1.158.880 (1 bilhão e cem milhões) mas há aí outro inconveniente grave, a amortização de curto prazo, em média 250 milhões/ano. A Empresa pratica operações “heterodoxas” como emissão de debêntures e emissão de Direitos Creditórios em proporções milionárias. Em maio de 2019 fez uma operação “papagaio” caríssima para pagar outras operações semelhantes e que estavam vencendo. Portanto, não sobram os recursos para os investimentos. Qual a decisão acertada? Uma chamada de capital por parte do Governo Estadual.

No Plano Operacional os desastres são ainda maiores. A Empresa se responsabiliza por 195 municípios dois dos quais, Floripa e São José, levam a empresa nas costas. Na Região Metropolitana são gerados quase 50% das receitas da CASAN, mas não são aplicados os investimentos previstos no PMSB. Deveria investir 100 milhões por ano, mas não chega nem a 1/5 disso.

Cabe destacar o que se aprende nos primeiros dias das Escolas de Administração – não há decisão certa para modelos errados. O Modelo CASAN se exauriu, e a atual Administração não tem a capacidade administrativa de tirar a Empresa do buraco. As decisões vão além do dia a dia – precisam debater o modelo e isto passa pelo segmento político estadual e Regional. Aparentemente, a atual Diretoria, não tem esta capacidade.

DILVO VICENTE TIRLONI

PRESIDENTE DO MDV

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