JURERE INTERNACIONAL – RUA DAS MORÉIAS

Quem acessa Jurerê Internacional pela Rua das Moréias (passando pelo Jurerê “velho”) se depara com um conjunto de prédios modernos, bem alinhados como manda o Plano Diretor, alguns habitados outros em construção. Todos não passam de 03 andares, o que é uma afronta ao bom senso, sobretudo, levando em conta que estas limitações causam prejuízos aos proprietários de terrenos, aos investidores, aos compradores de apartamentos, à renda, ao IPTU e aos pais de família que veem seus empregos reduzidos. Portanto é um perde-perde em vez de um ganha-ganha.

Ninguém, com conhecimento e um pouco de racionalidade no segmento, sabe dizer ao certo porque são 03 pavimentos e não 12, por exemplo. Os mais afoitos logo dirão que é para o “bem estar da população”, para evitar a contaminação ambiental pelo excesso do esgotamento sanitário, ou então, o sistema de transportes, não vai funcionar. É uma farsa que se repete desde 2006 inicio dos debates do atual PD, e, em qualquer reunião “comunitária”.

Como todos conhecem, Jurerê Internacional foi um dos primeiros bairros projetados, tem boas avenidas, ruas com sugestivos nomes de peixes, muitos arbustos paisagísticos e um Sistema de Esgotamento Sanitário, próprio. Já houve movimento para mudar o Sistema,  mas imperou o bom senso, melhor funcionar com a eficiência da gestão privada do que uma Estatal Pública.

Segundo o Plano Diretor a maioria do Bairro (é distrito de Canasvieiras) é uma ARE – área de residência exclusiva, o que significa dizer que por lá é proibido construções verticais abrigando algum tipo de comércio. Esta concepção é antiga, vem desde os tempos memoráveis da Carta de Atenas um manifesto urbanístico resultante do IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, realizado na Grécia em 1933 e presidido pelo grande arquiteto francês, Le Corbusier.

Segundo as conclusões do conclave a “nova arquitetura” deveria primar pela preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural e que as cidades assumiriam 04 funções básicas – habitação, trabalho, recreação e circulação. Estava implantada a semente da segregação. Vale lembrar que a Revolução Industrial estava no seu auge, e as fábricas apareciam dentro das cidades, às vezes na principal rua ou avenida.  

Desde então os discípulos do mestre francês passaram “fatiar a cidade” criando novas seções para moradias (ARE, AMR, AMC, AMS) o mesmo para outros segmentos, surgindo o macrozoneamento (áreas rurais e urbanas) e o microzoneamento, este “picotado” em diversos outras divisões. Nosso primeiro Plano Diretor a lei 01/97 era um primor de “divisões” repetidas mais tarde na lei 482/14. Quando se indaga a um “especialista” a razão destas divisões, não há clareza da sua importância. A este conceito os urbanistas denominaram de “cidade funcional”

Em contra-posição à cidade funcional tem origem a “cidade fragmentada” que aceita, em decorrência das modernas tecnologias, a coexistência da moradia, do lazer, da escola e do próprio serviço. De outro modo quebra os limites entre o rural e o urbano, transformando quase tudo num “grande espaço de convivência”. A cidade moderna, mudou.

Infelizmente, Floripa continua em 1933, não avançamos, AREs são hoje uma excrescência urbana, ruim, inclusive para os seus próprios moradores que para comprar um modesto analgésico tem que usar o carro.

A cidade precisa decidir se quer andar abraçada ao passado ou se modernizar, se quer a verticalização e os grandes centros comerciais, como símbolo da riqueza geradora de IPTU e empregos ou deseja a cubanização de seus bairros. Camboriu e Itapema se libertaram destas amarras tolas e atrasadas, outras cidades litorâneas, como Cabeçudas, Praia Brava, Penha, segundo se fala, também embarcarão na modernidade.

Enquanto isso, Floripa,  obedecendo a meia dúzia de grupos do atraso, acha que vai preservar o meio ambiente, com a mais pobreza, miséria e ocupações irregulares.

ADM DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE

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