MANCHETE DESALENTADORA

Leio no ND que Floripa tem 72% das praias próprias para banho passando a impressão de que este percentual é algo normal. É inaceitável que 28% de nossas praias estejam contaminadas, no Centro, no Continente, no Norte, na Região da Lagoa e no Sul. Literalmente, a Ilha e seus arredores, estão infectados de elementos nocivos às pessoas. É um abuso de quem tem a obrigação de preservar a natureza e as pessoas que nelas habitam. O leitor deve ser esclarecido que o IMA opera por amostragem, portanto, a dimensão da calamidade deve ser ainda maior.

A origem deste descalabro tem responsáveis: o Poder Concedente que é a Prefeitura Municipal, o Conselho Municipal de Saneamento que em vez de agir opera como chapa branca da PMF, a ARESC – Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina, a Câmara de Vereadores inoperante, e, principalmente, a CASAN que senhora absoluta de suas ações castiga Floripa e Região a estas desventuras ambientais.

O leitor bem sabe que a CASAN tinha o monopólio da exploração dos serviços através de um Contrato de Programa que previa inversões da ordem de 3,5 bilhões, assinado em 2014 e depois referendando pela Câmara de Vereadores. Sempre foi olvidado pela Estatal. Neste ano de 2023 a PMF despertou de sono profundo e letárgico, constatou que o Sul da Ilha não tinha um mísero metro de tubulação de saneamento, deu prazo, não foi atendida e, finalmente, está se preparando para realizar um pregão para licitação da exploração dos serviços.

Recentemente, na ACIF, com as Entidades da Organização Civil o assunto foi debatido, a Entidade entregou um Manifesto de apoio ao Prefeito relatando a visão da entidade.  O histórico da CASAN com nossa cidade é decepcionante.  A CASAN faturou em 2022, R$1.555.736.000,00, a Região Metropolitana (exceto Palhoça e Governador Celso Ramos) contribuiu com 47,32% (736,3 milhões) das Receitas da Estatal e Florianópolis, isoladamente, com 29% (444,8 milhões). Os números são contundentes, a Região financia a CASAN.

Entre 2014 a 2022 a média anual dos Investimentos para todo o Estado de Santa Catarina foi de R$291 milhões anuais, R$97,319 milhões para água, R$172,225 milhões para Esgoto e R$21,463 milhões para outros setores. Como se aplica muito pouco na RM os valores passaram a ser sonegados, inexistem nos relatórios. Segundo o Contrato assinado em 2014 os valores médios previstos para Floripa giravam em torno de 175 milhões, anuais, nunca foram cumpridos.

Singapura tem as dimensões de Floripa, lá são 716,1 km2 e aqui, 674,8 km2, diferença de 6%. Lá habitam 5,6 milhões de pessoas, a densidade é de 7540 por km2, (Floripa 796,05 hab/km² ) tem IDH de 0,93, não há uma mísera gota de esgoto no conjunto de todo o arquipélago.

Cabe registrar que nestes últimos 53 anos de operações da CASAN Topázio foi o único prefeito que, corajosamente, enfrentou a CASAN e o Governo Estadual. É possível que ano que vem, tenhamos um verão menos poluído.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE

Deixe seu comentário