QUANDO LIBERALISMO SE ECONTRA COM SOCIALISMO

Os iluministas do século XVIII foram filósofos geniais. Perceberam que o modelo de Governo então existente, o Absolutismo Real em que o monarca possuía poderes amplos sobre o Estado e seus súditos, não poderia mais funcionar. Novos elementos econômicos e sociais em razão do novo mundo que se descortinava, exigiam novos paradigmas de gestão.

O centro do mundo era a França, e seus “revolucionários” (1789) enxergaram do outro lado do Canal da Mancha, na Inglaterra, o modelo que buscavam. Montesquieu levou a fama da construção tripartite de Governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), mas foram os ingleses os pais do Estado nacional moderno.

Por lá, desde 1688, portanto 101 anos antes da Revolução Francesa, tinham adotado o Parlamentarismo, sob o lema “O Rei Reina, mas não governa”, portanto, nunca erra, quem comete equívocos é o primeiro ministro, e neste caso, cabe a substituição sem que o ESTADO sofra solavancos desnecessários.

“LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE” era o mote da campanha revolucionária alicerçada em 05 pilares básicos: defesa da vida, dos direitos individuais, da propriedade privada, do livre comércio e da Democracia.

John Locke, um filósofo inglês sintetizou todas as ideias em uma palavra – “liberalismo” – cuja origem é o latim e significa liberdade. Mais tarde os professores foram ampliando a doutrina liberal, que pode ser vista sob três segmentos: o liberalismo político (trata da democracia), o liberalismo econômico (trata da teoria econômica) e o liberalismo social que integra os direitos individuais e coletivos da doutrina.

Quanto ao liberalismo político e econômico não há forma de se compatibilizar com os princípios do socialismo, entretanto, no liberalismo social, pode-se encontrar pontos de convergência pelo menos na teoria, ainda que, na prática, países como a China cometam atrocidades como deixar morrer na prisão o prêmio Nobel da Paz de 2010, o dissidente chinês Liu Xiaobo.

Marx fez sucesso porque passou a defender os trabalhadores da indústria do século XIX (a partir de seu manifesto de 1848) submetidos a jornadas extorsivas de até 14 horas, sem condições sanitárias decentes e salários escorchantes. Entre 1900 a 1945, 10 em cada 10 professores das Universidades europeias se mostravam apoiadores do comunismo. Muitos, como Ludwig von Mises e Friedrich August von Hayek, tiveram que fugir para os USA. (A propaganda stalinista mostrava que a Rússia havia chegado no Édem) 

Foi o mote para os partidos comunistas se apropriarem de todos os demais direitos individuais e coletivos. Todavia, cabe o registro que a primeira Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 42 dias após a Revolução Francesa, (26 de agosto de 1789) tem origem no liberalismo e mais tarde a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU consolidou o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais aprovada pelos países democráticos liderados pelo brasileiro Osvaldo Aranha.

Muitos estão convictos de que existe “socialismo” nos USA o que é uma rematada bobagem. Por lá as cláusulas pétreas da Doutrina estão fincadas em terreno sólido, desde 1776, 03 anos antes da Revolução Francesa. O que as pessoas confundem são a defesa intransigente dos direitos individuais e coletivos promovidos por ambos os partidos, entretanto, o Partido Democrata se identifica mais com alguns valores mais humanistas (imigração, etnias, gênero) e os Republicanos, com valores mais tradicionais, como Deus, contra aborto, Pátria, uso de armas, entre outras.

Por lá, inexistem partidos socialistas que desejam implantar a doutrina marxista. Ser “esquerda” nos USA não é o mesmo que no Brasil. O mesmo se pode dizer da Europa, por lá nem pensar em socialismo, fascismo ou nazismo, três doutrinas que mamaram da mesma seiva, na origem são iguais. Apenas o socialismo sobreviveu, mas fora da Europa e USA.

Vale lembrar que desde sempre se cometeu uma fraude histórica contra a doutrina liberal impingindo-lhe maldades provocadas pelo capitalismo privado. Os socialistas tentaram o capitalismo “de Estado”, mas fracassaram. Atualmente, a China abraçou o capitalismo, (em alguns bolsões urbanos, as terras do interior, continuam na mão do Estado) mas se mantém atrelada à doutrina socialista. Virou a pátria do capitalismo internacional, posto que lá, as parcerias privadas têm prevalência sobre os direitos individuais da população. A previsão é que no longo prazo, a economia chinesa vai empurrar a política para a Democracia.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE  

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