TOMBAR OU TRAVAR? O DESAFIO DA PRESERVAÇÃO CULTURAL EM FLORIANOPOLIS

Desde os tempos acadêmicos, ainda no curso de História, aprendi que o patrimônio cultural deve ser preservado — bens materiais e imateriais que representam a história, a identidade e a alma de um povo. Monumentos, sítios arqueológicos, festividades, músicas, culinária e artesanato compõem esse precioso legado que merece ser transmitido às futuras gerações.
Em Florianópolis, esse conceito foi levado muito a sério — talvez até demais. Entre as décadas de 1980 e 1990, instalou-se uma verdadeira “febre de tombamentos” na cidade. Parecia que Floripa havia se transformado numa nova Roma, onde tudo, com ou sem critério, precisava ser preservado.
É verdade que alguns tombamentos foram acertados e fundamentais. No livro de tombos constam, com justiça, as Fortalezas de Santa Cruz, Santo Antônio, São José da Ponta Grossa e o Forte de Santana. Também foram tombados o Conjunto Histórico do Centro, o Hospital de Caridade, o sitio de Ribeirão da Ilha e, claro, a icônica Ponte Hercílio Luz — protegida em âmbito federal, estadual e municipal. Estes são exemplos legítimos de preservação.
Mas não podemos ignorar os excessos que ainda impactam o crescimento da cidade:
- Três casas geminadas na Avenida Mauro Ramos: Antigas e sem relevância artística, atravancam uma das principais avenidas da cidade, prejudicando o fluxo urbano e impedindo melhorias.
- Casas geminadas da Rua Dom Jaime Câmara: Totalmente descaracterizadas, foram tombadas apenas por serem antigas. Se o critério for apenas a idade, em breve toda Florianópolis será um grande museu decadente.
Além disso, conjuntos de bairros como Mato Grosso e Tronqueira também geram controvérsias.
Tombar é nobre, mas sem planejamento é travar. Preservar nossa história é fundamental, mas sem transformar a cidade num cenário de ruínas impedidas de evoluir. É preciso responsabilidade e bom senso para que a memória cultural e o progresso urbano caminhem lado a lado.
ADM. DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE