A PARASITOLOGIA E OS ORGANOGRAMAS BRASILEIROS

Paulo Guedes, no Seminário da FGV que tratava sobre o Pacto Federativo na manhã do último dia 07/02, fez contundente declaração sobre o custo do funcionalismo utilizando-se uma figura de linguagem para revelar o desastre administrativo: “O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo. O cara (funcionário público) virou um parasita e o dinheiro não está chegando no povo”, afirmou, ao defender a reforma administrativa.

Imediatamente os Sindicatos e Associações de funcionários levantaram a bandeira do cinismo e gritaram “não há parasitas”. Repudiaram o que chamaram de “ódio crescente pelos agentes públicos. E com ódio nada se constrói”.

A par destas declarações de valentia, evidentemente, Paulo Guedes não se referia à maioria dos funcionários e sim ao “sistema parasitário construído ao longo dos últimos 20 anos”.  Neste período os Sindicatos e Corporações aparelharam as entidades, construíram estruturas de cargos e salários de causar inveja a príncipes árabes, tomaram conta não só do poder como especialmente, capturaram os Orçamentos para as corporações. Assim é que mais de 90% das despesas são canalizadas para direta e indiretamente, pagar folha de salário. Pouco sobra para os investimentos reclamados pela população. E vale lembrar Paulo Guedes não se referia ao Poder Executivo Federal, é todo o Estado brasileiro, nos três poderes, nos 27 Estados e nos 5.570 municípios brasileiros. Há municípios que o FPM serve para pagar a “câmara de Vereadores” o que é mais grave ainda.

No Governo Federal já demitiram mais de 25 mil “assessores” alojados na Presidência e em diversos Ministérios. Mas os excessos estão em toda parte e se inserem de maneira diversa. A primeira constatação é que (salvo a saúde e segurança) se os poderes cortarem 25% de seus quadros funcionais, a população não vai sentir nenhum efeito até porque, muitos são contratados de “livre nomeação”, estão lá para atender algum compromisso político.

Há outra forma sofisticada de causar prejuízos ao erário – os falsos atestados de saúde, apresentados. A categoria dos professores é campeã nestes afastamentos e não pensem em pequenos números, são centenas de milhares.

Mesmo os que são concursados, portanto, duramente selecionados, há jeitinhos de logo escalar a pirâmide funcional dos ganhos salariais – a progressão horizontal na carreira é facilitada e via de regra em poucos anos o sujeito chega à última letra do topo da carreira. Mas há outra – a progressão vertical, o sujeito faz um concurso para uma carreira e depois migra para outras mais afortunadas, sempre com bons argumentos.

Está “parasitose funcional” geral e irrestrita não encontra paralelo no mundo civilizado. Somos únicos, nossos parasitas como os reais, são anônimos, invisíveis, mas depois de instalados, podem levar o organismo à falência múltipla dos órgãos.

Os “médicos” destes excessos (a Justiça brasileira) também se associam ao “saque” posto que são interessados. Temos, então o pior dos mundos, quem deveria conter os excessos não faz porque justamente, também tem interesse nestas mazelas. O maior salário do País na área pública deveria ser de R$39.000,00, teto do STF, ninguém cumpre ainda que esteja explicito no artigo 37 da CF. É simplesmente, aterrador, ver como são tratadas as folhas salariais dos poderes.

O Estado brasileiro precisa de um forte antídoto contra estes excessos cujas ações passam pela Reforma do Estado ou a Reforma Administrativa. E observe que nem falamos dos aposentados, recentemente, enquadrados em um quadro mínimo de disciplina financeira.

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