NÃO HÁ “PROJETO DE GOVERNO” SEM EDUCAÇÃO

Muitos brasileiros nascem para não dar certo, não tem culpa, a responsabilidade por isso é do Estado que não conta com um sistema educacional eficiente. Recentemente, foi publicado o Relatório PISA que mede a educação em 79 países, ficamos em 57º, sendo a oitava economia do mundo. Algo vai muito errado na educação.

Quando falamos de sistemas falamos de uma engrenagem cujas peças têm que estar ajustadas para que os resultados apareçam.

O primeiro subsistema a ser avaliado é a dos professores. Aqui vamos de mal a pior. O Brasil nunca valorizou os professores, em qualquer sala de aula do ensino médio, se os alunos forem perguntados se desejam ser professores, todos respondem, negativamente. Como os salários são baixos a procura por cursos que levem à “cátedra” são os últimos a serem escolhidos. Operam como “cursos marginais”, de segunda importância na escala de valores dos universitários. Há outros problemas a resolver – a “desvalorização da carreira” leva à cultura do “atestado médico”, estima-se que 25% dos professores por uma razão ou outra estão afastados do seu trabalho por problemas de saúde. Como decorrência destas ausências, não há professores substitutos, o que era ruim fica ainda pior.

O segundo subsistema são os imóveis destinados à educação pública. Em nível Brasil são uma tragédia, vão das casas de taipa no norte e nordeste, até modestas instalações nas periferias das cidades, sem saneamento básico, sem água, obrigando os alunos a fazerem suas necessidades no meio da mata em volta da escola. Via de regra são instalações imundas, pichadas, depredadas.  

O terceiro subsistema que não funciona adequadamente, são os “incentivos” colocados à disposição dos alunos para facilitar suas idas e vindas à escola – transporte escolar, uniforme escolar, merenda escolar e os livros.  Os documentários da TV são fartos em mostrar as dificuldades das crianças em tempos chuvosos enquanto pátios cheios de vans escolares esperam o tempo político para a sua distribuição; roubam o uniforme escolar, e há vários políticos denunciados por roubarem a merenda escolar além de triturarem os livros para transformá-los em papel higiênico. É que a gestão destes benefícios é extraordinariamente, malfeita.

Os governantes reclamam que não há recursos, mas é uma desculpa esfarrapada. Os orçamentos estaduais e municipais, se obrigam a reservar 25% para a educação e o MEC 18% das Receitas Líquidas.  O orçamento de 2019 para o MEC recepciona 122 bilhões gastos praticamente, com os 2 milhões de alunos universitários. É aqui que mora o problema. O País precisa debater este modelo equivocado que facilita a vida de universitários e prejudica milhões de crianças em idade escolar. Metade dos 122 bilhões dariam para iniciar uma revolução da educação, mais escolas decentes, melhores professores e mais incentivos aos alunos.

Do jeito que está, não corremos nenhum risco de melhorar o nosso futuro. Perdemos várias gerações, e estamos a caminho de perder outras tantas.

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