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Muito trabalho para pouco resultado

• Infraestrutura Transporte e Mobilidade
• 23 de fevereiro de 2020

Quantas vezes nos perguntamos o que seria necessário para melhorar o trânsito? Infelizmente, congestionamentos e dificuldades para estacionar não são mais exclusividade das grandes cidades. Estes problemas são parte da realidade de cidadãos de quase todo o mundo, mas no Brasil as coisas geralmente são piores.

O que fazer, então?

Vamos lembrar o que temos por aqui. Qualidade do combustível: Uma vergonha, com baixa octanagem, adição de 27% de etanol e com um custo inacreditavelmente alto.

Qualidade dos veículos: sofrível, que custam uma fortuna em relação aos mesmos vendidos em outros países. Manutenção e idade da frota de carros, caminhões e motos: pela quantidade de oficinas de quintal disponíveis, não é necessário fazer muita pesquisa sobre a qualidade da manutenção. A idade média dos carros no Brasil está em torno de 10 anos e a dos caminhões está com 11,5 anos. Esta é a média, imaginem a idade dos veículos mais velhos. Agora, vamos dar uma olhada na nossa parte.

Como será que o brasileiro dirige? Basta fazer uma pesquisa rápida para ver que tem muita gente dirigindo com o celular na mão, sempre resolvendo um assunto urgente. Frequentemente, passam carros com o farol apagado à noite. Qual foi o resultado objetivo de obrigar o uso de farol durante o dia? Brasileiro estaciona fora da vaga, fura sinal vermelho, não respeita faixa de pedestres, encontra uma forma de burlar o rodízio, muda de faixa o tempo todo, sem olhar ou dar sinal e comete mais tantas infrações que todos conhecem. Uma das principais causas é a falta de educação.

E qual é a solução proposta? Perguntem para quem quiserem, as respostas serão quase todas as que envolvem construção de pontes, viadutos, túneis, lombadas e outros gastos multimilionários, todos a cargo do governo.

Considerando-se a qualidade dos combustíveis, dos veículos e sua manutenção e a educação dos motoristas, gastar com infraestrutura é apenas mais uma forma de alimentar sumidouros de recursos públicos.

O governo também tem grande parcela de culpa. Há tantas proibições e regras que o resultado é sempre uma desgraça. Imaginem se não houvesse mais tantas ruas de mão única, contramão, sinaleiras, lombadas, proibição de estacionar e outras limitações. Uma coisa é certa, pior não fica!

Poderia haver boa economia de tempo e combustível se os motoristas fossem educados. Este é, ainda, um dos grandes problemas dos brasileiros. Há regras demais e cidadãos respeitosos de menos. Isso está mudando, mas ainda falta muito.

No Brasil, é bem comum criarem leis que não pegam. Junto a isso, tem mais decretos, resoluções e portarias que só servem para complicar a vida das pessoas e promover a felicidade dos fiscais. A Constituição Federal, de 1988, tem 114 artigos que já receberam 104 emendas. A Constituição dos Estados Unidos, de 1787, tem apenas sete artigos e sofreu 27 emendas. Melhor nem falar no restante da legislação porque o que se verifica no Congresso, nas Assembleias e nas Câmaras é muito trabalho para pouco resultado.

Viviane Lavratti e Fábio Lavratti – Conselheiros do MDV