CARTA AO SENHOR PRESIDENTE – EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Prezado “Comandante em Chefe” do Brasil

Registro que sou um brasileiro que deu certo, a educação salvou a mim e minhas quatro irmãs. Todos acabamos trilhando o mesmo caminho alcançando a condição de “professor” eu da Universidade, elas em diferentes escolas secundárias de nossa Região. Agradecemos a nossos pais, não obstante a baixa escolarização, terem atendido aos apelos do Padre Santini um velho sacerdote italiano e cheirador de rapé, que os obrigou a matricular duas crianças pela manhã e duas à tarde para aprenderem a ler e escrever. Na época não era hábito dos agricultores mandarem seus filhos à escola, preferiam ver as crianças e adolescentes nas plantações de milho, arroz e feijão.

Faço esta introdução para lembrar a Vossa Excelência que a salvação do Brasil, das classes menos favorecidas, dos pobres em geral, reside na educação. Ela é que vai dar consciência política, conhecimentos, o emprego e com este, comprar a casa, a comida, a roupa e até o lazer.

Entretanto, há um enorme conserto a fazer no setor. O modelo educacional brasileiro está equivocado, financia os ricos e dá migalhas aos menos favorecidos. É um modelo perverso que oprime, que humilha, que exclui. Vale ressaltar que a “bonança” hoje existente, embora extremamente concentradora de renda é defendida pela maioria absoluta dos socialistas, liberais de fancaria e oportunistas de plantão como uma panaceia da promoção social. É uma fraude que precisa ser extirpada.

O Orçamento do MEC é um dos maiores da República, coisa de 103 bilhões de reais em 2020. Muitos destes recursos são despesas inúteis, portanto, no entender de muita gente, um “roubo legal da nação”. O saldo restante e aplicado nas Universidades Federais e suas Unidades de Saúde. Pouco mais de 20 bilhões são destinados à educação básica. Nos Estados e Municípios a lei manda aplicar 25% das receitas correntes líquidas em educação. Mesmo assim nossas instalações físicas, bibliotecas, merenda escolar, transporte de nosso interior e notadamente, das periferias das grandes cidades, são uma tragédia. Falta saneamento básico e boas instalações além de boas remunerações aos professores. O PISA nos colocou num humilhante 57º lugar entre 79 nações pesquisadas em 2019. Somos os piores da América do Sul, perdemos até para a Venezuela. Algo vai muito mal neste reino encantado da educação.

Aprendi nos bancos acadêmicos de Administração que não há decisão certa para modelos errados e a Educação Brasileira tem um modelo antigo, dos tempos em que 80/90% do País era rural. As Universidades Federais foram construídas para abrigar os estudantes emergentes, se obrigaram a oferecer ensino de graça, restaurante, dormitórios e até estacionamentos. Hoje não é mais assim, os estacionamentos estão cheios de carros importados, quem alcança a Universidade Pública são justamente, os alunos mais aquinhoados, os que estudaram nos melhores colégios particulares. Trata-se do maior programa de concentração de renda do mundo. São 2 milhões de alunos num universo de 8 milhões. Os 6 milhões restantes pagam suas mensalidades, são matriculados em escolas particulares se desejarem comer um prosaico pão com manteiga, terão que arcar do seu próprio bolso.

O modelo é tão perverso que encontramos com muita facilidade exemplos de faxineiras que pagam a faculdade de seus filhos enquanto o “empregador” manda de carros seus filhos estudarem de graça nas universidades públicas.

O que fazer senhor Presidente. A receita é polêmica, porém necessária, é preciso debater a questão do financiamento público de nossas universidades. A primeira condição é 1. Transformar o MEC em Agência Fiscalizadora da Educação; 2. Privatizar as Universidades Federais dentro de uma Parceria Público Privada; 3. Encaminhar os recursos poupados aos Estados e Municípios; 4. Exigir dos 5.570 municípios que os investimentos sejam feitos na melhoria das instalações e no salário dos professores.

Creio que com este novo modelo em pouco mais de 10 anos nossa Educação poderá fugir da submissão e servidão a que foi submetida, alçar voos mais altos de liberdade, de autonomia e independência financeira.

Cabe a Vossa Excelência orientar o Ministro da Educação, que tem se mostrado corajoso nas Redes Sociais, a assumir este desafio. Haverá resistência, ações, STF, Congresso, OAB, partidos de oposição, todos contra as inovações. Mas também haverá muito apoio, se o Governo souber explicar como se dá a apropriação dos recursos públicos no Brasil.

Forte Abraço

ADM. Dilvo Vicente Tirloni

Presidente do MDV

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