FRACASSO DO MODELO UNIVERSITÁRIO

Na última semana, deparei-me com uma análise instigante sobre o futuro do Ensino Superior. Conforme compartilhado pelo CEO de uma das principais gestoras de universidades no Brasil (lamento não ter retido o nome), o atual “modelo universitário”, tanto público quanto privado, carece de sentido. Todas essas instituições são caracterizadas por vastos espaços físicos denominados “Campus” (ou “Campi” no plural, como é o caso da UFSC, que engloba cinco campus universitários em Joinville, Blumenau, Florianópolis, Curitibanos e Araranguá).

O investimento significativo no “campi” da UFSC para 2023, estimado em R$1.685.778.768,00 na Lei Orçamentária Anual (LOA), visa atender uma extensa comunidade de 2413 professores, 3000 funcionários, 26.000 alunos de graduação, e 10,3 mil na Pós-graduação. Surpreendentemente, será providenciada a expressiva quantidade de 1,925 milhão de refeições. Este cenário poderia ser otimizado para operar com eficiência e reduzir custos pela metade.

O paradigma universitário atual impõe que o estudante se desloque até uma sala de aula com infraestrutura obsoleta: um ambiente muitas vezes desmotivador, com professores pouco inspirados, carteiras desconfortáveis, pichações, equipamentos audiovisuais antiquados e espaços externos mal iluminados, representando riscos para os transeuntes.

O CEO ilustrou de forma eloquente a irracionalidade desse modelo ao imaginar um jovem, após oito horas exaustivas de trabalho, correndo para comer um hambúrguer, pegar um ônibus e, duas horas depois, entrar em uma sala de aula para assistir a um professor apresentar um antiquado PowerPoint sobre “a densidade habitacional de SP”. Seguido disso, outro professor, em uma dinâmica similar, exibe uma planilha sobre juros simples, e, informa, que o juro composto será abordado na próxima aula. Ele concluiu que esse processo é absurdo e que, com os recursos de mídia atuais, existem maneiras muito mais inteligentes de oferecer ensino e formação profissional.

O projeto proposto é compreensível em sua simplicidade. O aluno, após suas atividades diárias, pode assistir às aulas em vídeo no conforto de sua casa (ou no celular em qualquer lugar). Os vídeos são ricos em detalhes, com letterings, apresentados de maneira pausada pelo professor. Se necessário, o aluno pode repetir o vídeo quantas vezes precisar. O professor pode incluir exercícios para reforçar o aprendizado. As avaliações e testes, pelo menos inicialmente, seriam presenciais a cada 30 dias, proporcionando momentos cruciais de interação, avaliação e debate sobre o futuro.

Exceto por algumas carreiras que demandam presença física após a instrução teórica, como medicina, todas as outras podem se beneficiar desse novo modelo, representando uma evolução do Ensino a Distância (EAD). Este novo modelo impulsiona uma “revolução acadêmica” nos Departamentos de Ensino, onde até os professores menos eficazes se transformarão em profissionais de qualidade. A produção de vídeos exigirá uma apresentação inteligente do conteúdo programático para facilitar a compreensão dos alunos, elevando a qualidade dos Departamentos a níveis nunca antes vistos.

Além disso, a Inteligência Artificial (IA) se torna uma ferramenta poderosa nesse contexto. A combinação de professores e IA promete eficácia quase infalível. Importante notar que esse modelo pode ser aplicado aos alunos do ensino médio, inaugurando uma fase inovadora na educação. O formato tradicional de educação permanece vital para a educação infantil e o ensino fundamental, onde a presença física do professor é insubstituível. No entanto, uma vez alfabetizados, os adolescentes podem adotar práticas de estudo em casa por meio de vídeos, como evidenciado pela minha neta, que já incorpora essas práticas em seu aprendizado de inglês com um professor contratado via internet. Estamos nos primórdios de um novo modelo, mas ele está claramente delineado.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI PRESIDENTE

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O modelo UFSC/UDESC esta com seus dias contados, talvez mais alguns anos e vai desaparecer. Os últimos vestibulares/ENEM exibem com todas as letras o baixo interesse dos alunos pela UFSC. Há cursos com demanda deserta. As quotas se transformarão em legislação do passado. Onde estudam, hoje, 36,3 mil alunos poderão ser milhões e com resultados ainda melhores. Quanto às bibliotecas é só dispor uma assinatura da Amazon e um equipamento chamado Kindle com 8 milhões de títulos. As Universidades privadas e seus EADs só não tomaram de vez os espaços porque ainda contam com algum preconceito da população nestes novos modelos. Mas é questão de tempo. É como o comércio eletrônico, custou a competir mas nos dias de hoje, impera soberano. É o que vai acontecer com UFSC/UDESC e todas as universidades públicas brasileiras.

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