CULTURA – CONHECER AS RAÍZES PARA PRESERVAR A HISTÓRIA

A educação ensina a ler e a escrever, a cultura nos revela as manifestações artísticas, o propósito estético, a comunicação, a expressão de ideias, as emoções nas formas de enxergar o mundo.

Quando estudei “História da Arte” nos bons tempos acadêmicos, vindo do interior, da roça (hoje seria sertanejo), fiquei encantado com os primeiros livros sobre manifestações artísticas, as danças antigas, música, teatro, artes visuais, esculturas, pinturas, tudo era atraente, novo, deslumbrante. Nos meios rurais não se cultivavam estas preciosidades, quando muito, a escultura ou pintura que presenciávamos eram fotografias de santos ou então, altares das igrejas, que se tornavam monótonos, estáticos, quer pelo contato desde o “batismo” ou pela ausência de uma explicação sobre aquelas formas construídas há muitos anos atrás por hábeis entalhadores da região. Mais tarde observando as mesmas esculturas sob o olhar dos conhecimentos adquiridos fiquei impressionado com a qualidade dos acabamentos das estátuas, as formas “góticas” pontiagudas de um altar e suas figuras religiosas, a cruz, as ornamentações em madeiras, tudo enriquecido com detalhes surpreendentes.

As manifestações artísticas sempre afloraram no seio da população, desde os tempos da pré-história (pinturas rupestres), passando pelo paleolítico, neolítico, a arte antiga do Egito, da Mesopotâmia, arte medieval, moderna e a contemporânea. Vale ressaltar que a arte independe do nível cultural do seu criador, Aleijadinho tinha baixa escolaridade, mestiço, filho de escrava com um português.  Para o meu gosto, nada se compara a arte moderna que se inicia por volta de 1500 e vai até fins de 1850. Foram 300 anos de pura criatividade, na pintura, na música e nas esculturas, primeiro com o chamado estilo barroco e depois com o estilo rococó uma explosão esplendorosa na “velha” Europa.

Toda esta narrativa me ocorreu em razão do período eleitoral. As campanhas revelam obras monumentais, a recuperação dos imóveis públicos (no meu tempo de adolescente sempre me impressionou a qualidade dos prédios públicos, além de enormes, eram cuidadosamente, conservados), a iluminação de nossas praias, alargamentos de ruas, viadutos, engordamento de praias, creches, tudo muito bem recebido pela população. Não enxerguei, todavia, a importância a ser dada à nossa cultura.

Não obstante nossa “infância histórica” (23/03/1673-347 anos), temos o que registrar. Não somos uma Roma (753 a.C. 2773 anos) mas nossos fundadores deixaram marcas que precisam ser conservadas, sejam em museus ou palácios, sítios históricos, nos teatros, nas escolas e nas demais casas culturais. Quem não preserva suas raízes não conhece a sua história. É como um filho adotivo, ele se realiza, no momento que conhece seus país biológicos.

Contamos com a Fundação Cultural Franklin Cascaes, temos leis de incentivos municipal, estadual e federal, bons profissionais em nossas universidades, entanto, o segmento não se materializa como importante na cidade, não organiza os setores comprometidos com os valores artísticos.  Há pouca divulgação do que se faz, não contamos com um grande espaço para marcar uma posição nacional, fazemos o “feijão com arroz” e nos damos por satisfeitos. Sugiro que mudemos de ideia, que a Cultura passe a fazer parte dos altos interesses da cidade como fonte de inspiração aos novos artistas e, sobretudo, como atração turística.

O MDV conta com bons projetos para resolver esta e outras questões. Já escreveu um projeto maravilhoso – PALÁCIO TRANSCONTINENTAL FLORIPA DOS AÇORES que corresponderia ao futuro Paço Municipal. Seria localizado na Baia Sul e além de abrigar a futura instalações da Prefeitura, recepcionaria um grande museu com todas as modernidades e origens, recuperando igualmente, o projeto de Burle Max.

ADM. DILVO VICENTE TIRLONI – PRESIDENTE DO MDV

Imagem – Gianlorenzo Bernini, fachada da igreja de Santa Maria Dell’Assunzione (1662-1664). Ariccia, Itália.

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